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Aprendendo com as tragédias 

A tragédia em Brumadinho causada pelo rompimento da barragem da Vale mostrou toda a técnica, coragem e persistência dos policiais do Corpo de Bombeiros. Esse trabalho de resgate das vítimas, a convivência com a comunidade e com as famílias mostrou não só para o Brasil, como para o mundo, a capacidade técnica e comprometimento dos bombeiros de Minas. O auditor setorial do Corpo de Bombeiros, coronel Robespierre de Oliveira Silva (foto), disse que muito do adotado em Brumadinho veio da experiência de outra tragédia, a ocorrida, há quatro anos, em Mariana.

 

O que o Corpo de Bombeiros aprendeu com essa tragédia em Brumadinho?

Cada ocorrência é um desafio novo. Sempre aprendemos em todos os eventos, quando eles acontecem. Esse evento, devido a sua vultuosidade e a sensibilidade de ter que encontrar pessoas para devolver para as famílias é o que nos deixa cada vez mais capacitados e experimentados com tragédias.

 

Os profissionais que atuaram em Brumadinho tiveram um contato direto com as famílias. Como é lidar com tanta dor?

 

São 270 famílias e hoje convivemos muito próximo com 18 famílias. Faltam 18 pessoas para serem localizadas. Nós acabamos tendo um conhecimento tão profundo sobre eles a ponto de conhecermos o nome, os nomes dos filhos, dos netos, dos parentes, do que elas gostam, do que ficam chateadas. O que as faz ficarem um pouco mais feliz neste momento é essa proximidade e esse envolvimento, que para nós, é muito gratificante.

 

Pode-se perceber no resgate das vítimas que, pela técnica usada pelos bombeiros, que eles são muito especializados. Essa tragédia trouxe um aprendizado maior?

Ela nos fez colocar em prática o que já tínhamos feito há algum tempo, em Mariana. Nós ali só aumentamos o número de pessoas que atuou em Mariana.

 

Os bombeiros mineiros estão sendo chamados para ajudar em resgates fora do país. Como tem sido essa experiência?

A experiência em trabalhar em área internacional é muito gratificante. Você leva o conhecimento do que você faz no Brasil e aprende com eles as técnicas que eles têm. A união das pessoas no objetivo de uma missão, cada um com suas técnicas específicas, faz um conjunto de técnicas de tal maneira que a troca de experiências só fortalece e aumenta o nosso conhecimento.

 

Nós vimos. durante esse resgate em Brumadinho, que o governo não tem dinheiro para equipar adequadamente o Corpo de Bombeiros. A doação de equipamentos pela iniciativa privada foi importante para garantir esse trabalho?

O Estado já vem passando por uma dificuldade financeira não é de hoje. Se nós tivéssemos que atuar em Brumadinho somente com recursos do Estado, tenho certeza que não teríamos feito metade do que fizemos até agora. Esse suporte logístico que a Vale está nos fornecendo está sendo primordial e importantíssimo para o cumprimento da missão.

 

Esses equipamentos ficam com o Corpo de Bombeiros?

É um legado. A Vale fez a doação de todo o equipamento que estamos usando lá. Para nós está sendo um ganho logístico muito grande.

 

Que tipo de ocorrência é mais comum no dia a dia dos Bombeiros?

Acidente automobilístico, infelizmente. O carro chefe do Corpo de Bombeiros é o acidente automobilístico. Há muita imprudência das pessoas na condução de seus veículos e isto tem causado vítimas. Todas as manhãs têm um acidente envolvendo um motociclista acidentado.

 

O motociclista é imprudente ou o motorista é que não respeita o motociclista?

Vou adicionar um combinado pior que está acontecendo, que é o motociclista usar o celular estando pilotando a sua moto. Por incrível que pareça, o motorista usar o celular ao volante já é perigoso, imagina o motociclista usando o celular enquanto está pilotando a sua moto. Isso complica muito. A imprudência acontece nas duas partes.

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