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Blog do PCO

Governadores com agenda errada

A pandemia do coronavirus afetou não só a saúde dos brasileiros, mas também a economia. Várias empresas acabaram fechando as portas definitivamente e outras temem não aguentar mais tempo fechadas. Para a economista Zeina Latif (foto), quando eles foram procurar o presidente Jair Bolsonaro, foram com uma agenda equivocada. O momento não é de relaxar em relação ao coronavirus, mas de cobrar ações para que possamos sair dessa crise de forma segura.

 

Alguns empresários estão na linha do discurso do presidente Jair Bolsonaro para a economia voltar ao normal. Esse é o caminho?

Os números estão mostrando que nós não temos como voltar à normalidade rapidamente. Não temos um sistema de saúde que dê conta, porque ainda estamos em uma curva ascendente de novos casos. Portanto, ainda não dá para dizer que a situação se acomodou porque há saturação do sistema de saúde pública, principalmente nas regiões mais impactadas. Não adianta em uma canetada falar que vamos suspender o isolamento. Muitas pessoas não vão querer sair de casa até que tenham segurança. A questão é: como sair de forma segura? O que os empresários têm que cobrar do governo são ações para que possamos sair de forma segura. Nós temos exames? Por que não temos informações sobre o número de exames que estão sendo feitos? Da mesma forma que temos o número de novos óbitos e de novos casos, tinha que ter o número de testagem, para saber o número de subnotificações. Estão chegando os testes? O que está acontecendo, por que está havendo tantas dificuldades? Por que está faltando coordenação dos estados e dos municípios? Por que essas ações de saúde não estão sendo coordenadas? Será que está sendo bem feita a gestão desses recursos? Estamos conseguindo aumentar a capacidade hospitalar, de quanto?

 

A pauta deles deveria ser outra?

Os empresários foram fazer a demanda errada, porque não adianta falar para liberar. O próprio ministério da Saúde está receoso. Em São Paulo foi preciso apertar mais. Chega a ser ingênuo.

 

Vimos situações como a de alguns estados, que não estão conseguindo pagar folha de servidores, fornecedores. Como vai ficar a situação desses estados, que já tinham problemas antes da pandemia?

Me surpreende os governadores pleitearem aquele plano de ajuda, mas evitarem a discussão da jornada e, obviamente, da remuneração. Isso está acontecendo na iniciativa privada. Isso deveria valer para todo mundo, principalmente para quem tem estabilidade de emprego. Claro que par\a uma pessoa da área da saúde que está trabalhando normalmente, não. Nós estamos falando dos que estão com a jornada alterada, que não são áreas essenciais, salários mais elevados, pessoas que deveriam estar participando dessa conta. Todos nós ficamos mais pobres, o país ficou mais pobre e essa conta precisa ser dividida. Não dá para sacrificar o setor privado e o setor público não. Os governadores, de forma geral, estão evitando esse tema.

 

O governo federal também tem dificuldade em tratar o tema?

O próprio governo federal também. O problema é esse. Nós vemos um país com dificuldades de aceitar os seus problemas e agir para dirimi-los. Minas Gerais vai continuar sem dinheiro, vai pressionar o governo federal e não vai resolver problema algum. O Brasil é um país que não consegue lidar com essas questões. Só quando vai para uma situação de colapso é que se começa a discutir esse tipo de reforma. Eu me pergunto quanto vai ter que piorar para os govenadores assumirem essa agenda. O governador do Rio Grande do Sul, naquilo que lhe era possível, agiu e aprovou uma reforma administrativa. Já o Zema, deu aumento para o funcionalismo lá atrás. Então, tem muita agenda equivocada. Mesmo não podendo. Por que tem governador que conseguiu? Não tem justificativa.17

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