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Blog do PCO

Há uma visão errada a mineração

A mineração foi o tema de destaque na última semana, impulsionado pelo Conexão Empresarial Mineração, promovido pela VB Comunicação. O secretário Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Alexandre Vidigal (foto), considera o setor dos mais importantes da economia brasileira, responsável por 4% do PIB. As tragédias ocorridas em Mariana e Brumadinho foram casos excepcionais, que segundo ele, ainda intrigam especialistas. Ele acredita que a mineração é uma atividade sustentável, mas a visão que as pessoas têm ainda é a mesma da década de 1960.

 

Como ter uma mineração sustentável sem agredir tanto as comunidades?

Na realidade a mineração hoje é sustentável. Não se faz mineração pelos critérios e métodos que se fazia no passado e esses sim, destruíam, degradavam e pó isso ficou essa imagem ruim no coletivo popular. Essa imagem que se tem hoje é equivocada, não só no Brasil como no mundo afora. Eu acredito que o grande desafio, a grande crise é a da informação, é da comunicação. Aí falam, mas aconteceu Brumadinho, que matou tanta gente. Brumadinho aconteceu em um contexto de absoluta excepcionalidade daquilo que é a realidade da mineração.

 

Mas primeiro foi Mariana, logo depois Brumadinho. Não é muito para ser uma situação excepcional?

Envolvendo qual tipo de construção? Da década de 1969, 1970. Esse tipo de construção não é feita mais hoje. Em Londres, há três, quatro meses, uma grande barragem hídrica apresentou fissuras na sua parede. Toda obra de engenharia, todas elas, são obras de risco. O que é preciso ter é a capacidade de dimensionar esse risco para evitar que ele se transforme em tragédia. No caso de Brumadinho, segundo os principais engenheiros e comunidades científicas, a ciência ainda não consegue explicar o que aconteceu lá, porque todos os critérios de segurança e de avaliação de riscos diziam que a situação estava sob controle. É tanto, que não era uma barragem que apresentava para os órgãos de fiscalização, alguma situação em que uma tragédia poderia acontecer.

 

Minas Gerais, onde está localizada a maior parte das barragens do pais, ainda corre risco ter desastres como o de Brumadinho e Mariana?

Nós cremos que não possa ter. Nós temos que entender que toda obra de engenharia está fadada a riscos. Ninguém entra em um avião achando que ele vai cair. A aviação é o setor de transporte que tem os níveis de segurança mais avançados e nem por isso estamos distantes da possibilidade de algum grande avião estar caindo. São muitas as condicionantes relacionadas a máquinas, homens e equipamentos. Dizer que não poderá haver outro? Talvez haja, não no Brasil, mas em outro local, que tem tanta segurança, que dizem ser maior do que a nossa.

 

Qual o peso da mineração na economia brasileira?

É importantíssima. A mineração representa 4% do PIB. Em um país que é a oitava economia do mundo, um país que tem uma capacidade mineral como a nossa seguramente é uma atividade econômica que muitos países, muitas sociedades no mundo gostariam de ter.

 

O presidente Jair Bolsonaro esteve na China, um dos principais concorrentes em relação ao minério de ferro. Ele foi com uma pauta da mineração?

A China é concorrente em alguns aspectos muito específicos da mineração. As terras raras, quem mais domina essa área é a China. Quem mais compra minério de ferro é a China. Ela precisa da mineração, precisa do recurso mineral para alavancar a sua economia, para sustentar a economia mundial e nós não podemos perder o que o mercado oferece. Dentre as pautas que o governo Bolsonaro levou nessa visita, uma delas foi a mineração. De concreto não temos nada firmado. A China já é hoje nosso principal importador de commodities.

 

Muitos empresários chineses também estão vindo para o país, em especial para o Norte de Minas. O que interessa aos chineses?

A mineração faz parte da vida do ser humano e aquele que empreende, onde há mineração, aquele que quer desenvolver uma atividade vai buscar esse mercado. O Brasil é um representativo mercado da mineração. O mercado trabalha assim, aquele que tem condições de buscar o mercado irá fazê-lo. Se são os chineses que podem fazer isso hoje, então vão fazer muito bem.

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