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Outono, estação de muitas doenças

O outono começa e com ele vêm as gripes, as viroses e doenças respiratórias. As alterações climáticas têm ajudado a piorar os quadros, principalmente, das pessoas que tem predisposição a essas doenças, segundo o otorrinolaringologista da Unimed e ex-preceptor na área na UFMG, Virgílio Melo (foto). Como não é possível afirmar se o clima no planeta vai continuar sofrendo alterações, o melhor é se precaver.

 

Quais as principais doenças que as pessoas têm nesta época do ano?

Rinite alérgica, asma e sinusite, principalmente.

 

Em uma época em que várias doenças estão voltando, que a dengue aumenta nas cidades, o que as pessoas podem fazer para se prevenir?

As pessoas que tem tendência a essas doenças, que são hereditárias, familiar, devem tentar o ano inteiro evitar contato, mas redobrar os cuidados nessa época, com poeira doméstica, mofo, fumaça e alguns inalantes químicos, como os inseticidas. Mas aí tem um problema: tem que escolher entre o mosquito da dengue e o inseticida, porque algumas pessoas tem alergia ao repelente e ao inseticida, além de materiais de construção e produtos de limpeza. No entanto, tem uma coisa que está difícil: o ar muito seco, em toda área central do Brasil tem se tornado, de uns cinco anos para cá, muito mais seco, especialmente de 9h da manhã às 5h da tarde. Bem mais do que em outras épocas. Não se sabe se isso veio para ficar, mas esse clima trouxe um aumento considerável dos problemas nesta época do ano. Com o aquecimento global, as temperaturas mais altas nos levam a usar o ar condicionado com mais frequência e o aparelho de ar condicionado tira a umidade do ar. É recomendável, quando for ligar o ar condicionado, ligar o umidificador simultaneamente. Essa medida ajuda a prevenir a todas essas doenças.

 

A crise econômica está levando a classe média para os postos de saúde e as prefeituras não estão aguentando atender a esse aumento na demanda. Existe uma alternativa, como a de ir à farmácia e comprar um remédio para a gripe, se automedicar?

Não. As medidas são principalmente preventivas. As pessoas que têm tendência a essas doenças (rinite alérgica, asma e sinusite), precisam sempre ter medicamentos preventivos em casa e em caso de surgir secreção amarelada ou esverdeada persistente nas vias aéreas, precisam retornar ao seu médico com urgência.

 

Muitas pessoas não tomam vacina contra a gripe com medo de pegar uma gripe mais forte. Elas acreditam mesmo que isso acontece. Há esse risco?

Isso é um mito. A vacina da gripe não dá reação gripal. Acontece que, quando se inicia nesse período a vacinação, a vacina só vai proteger depois de 20 a 30 dias. A pessoa pode ter nesse período em que ela ainda não está protegida o contato com algum vírus. Outra coisa que é importante, é que existem mais de cinco mil vírus respiratórios que causam sintomas semelhantes. A cada ano, a vacina cobre uns quatro ou cinco daqueles que tem mais risco de levar à pneumonia e à morte. Ela não protege de todos os cinco mil, ninguém consegue colocar todos esses em uma mesma vacina.

 

Muitos criticam que o número excessivo de faculdades de Medicina acaba formando muitos profissionais sem a capacitação adequada para perceber a gravidade de algumas doenças. Essa situação pode agravar alguns casos?

Essa proliferação das escolas de Medicina é muito recente. A maior parte desses novos médicos ainda são estudantes. Nós não temos dados suficientes para apontar isso. Mas tem ocorrido uma deterioração há décadas, da relação médico/paciente. O médico não explica em uma linguagem em que o paciente consiga entender. O médico está correndo, não dá o tempo e nem o cuidado necessário na relação interpessoal. Acredito que isso pesa muito mais do que os médicos não serem bem preparados. Queixa-se muito da ausência do médico, da negligência do médico. O erro técnico não tem sido tão frequente nas manchetes.

 

Qual o conselho para as pessoas evitarem pegar uma gripe ou uma doença mais grave nessa época do ano?

Hidratação frequente, evitar esforço físico muito intenso nos horários mais secos do dia, que podem provocar sangramento nasal, o que é muito frequente nas áreas mais secas do Planalto Central, em Brasília, onde se chega a suspender as aulas de educação física nesses horários, porque mesmo crianças que não tem nenhuma doença prévia começam a sangrar nariz. E, importante, quando usar o ar condicionado por tempo prolongado, usar o umidificador.

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