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Uma crise angustiante, diz prefeito de Porto Alegre

São poucos os municípios brasileiros que estão conseguindo manter as suas contas em dia e os serviços essenciais à população em funcionamento. A maioria dos 5.570 municípios brasileiros está com as administrações paralisadas devido a crise econômica. Para o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (foto), a situação foi agravada com a inflação na casa dos 10%. Uma situação angustiante, segundo ele, mesmo para um município que conseguiu chegar até esse momento sem tomar medidas mais drásticas para conter os gastos.

 

O senhor está em um estado dos mais afetados pela a crise econômica. Quais os reflexos para a prefeitura de Porto Alegre?

O estado do Rio Grande do Sul vem enfrentando problema com a gestão de governo há muitos anos. Infelizmente se tornou um estado deficitário por gastar mais do que realmente arrecadou nos últimos tempos e isto tem criado uma série de dificuldades para que o atual governo do estado não consiga pagar até a folha de pagamento. É uma situação que eu espero que seja transitória. O governo está fazendo um grande esforço para reverter essa situação. A prefeitura municipal de Porto Alegre está em uma situação mais equilibrada. Na verdade, temos ao longo dos últimos anos aplicado um modelo de gestão bastante interessante. Buscamos o programa gaúcho de qualidade e produtividade, o mesmo do Movimento Brasil da Qualidade, buscando interagir com instrumentos que eram usados unicamente na esfera privada, como o contrato de gestão. Isso foi nos dando, ao longo do tempo, tranquilidade para que mesmo com a crise, nós possamos continuar administrando a cidade. É claro que a crise está superando toda e qualquer expectativa. A grande questão que se coloca para os prefeitos é como vamos terminar o ano de 2015 e vamos nos preparar para 2016. Não é Porto Alegre, não é Belo Horizonte. São 5.570 prefeitos do país.

 

O Rio Grande do Sul sempre teve uma disputa política acirrada e turbulenta. O sr imaginava acontecer uma situação semelhante no país?

Na verdade, nós estamos acostumados no Rio Grande do Sul com o grenalismo, Grêmio e Inter. É um estado onde às vezes as pessoas exageram no tom da política. Mas é um estado que gosta de política e a vive com intensidade. Não imaginávamos que isso pudesse também vir acontecer em âmbito nacional. Isto nos preocupa. Sem entrar no mérito da crise, porque hoje nós vivemos três grandes crises: a ética e moral, que aprofunda a crise política, que por sua vez, aprofunda a crise econômica. Essas três crises nos assustam, porque, certamente, como cidadão brasileiro e como prefeito não consigo visualizar uma solução a curto prazo, especialmente da crise econômica. Isto é muito ruim para a geração de emprego e renda, para a economia, para a arrecadação de recursos e para que as políticas possam ser executadas. É realmente um momento difícil e que nos deixa um pouco perplexos com o que estamos vivendo.

 

A projeção de uma inflação de 10,% complica as contas?

Complica, indiscutivelmente. Nós que lidamos com cada vez mais uma crescente demanda para ser atendida pelos municípios, estamos vivendo uma situação que, com a redução do repasse dos recursos do governo federal, dos governos estaduais e da própria arrecadação dos municípios, é muito difícil estabelecer parâmetros com uma inflação a 10%, porque é uma corrosão muito forte nos próprios orçamentos. Os custos não diminuem, ao contrário, os custos continuam. Tem a folha de pagamento, atendimento à saúde, a assistência social, a educação. Tudo isto continua crescendo. Há um crescimento vegetativo. Com a queda no orçamento e com uma inflação que esse orçamento em 10% é realmente uma situação angustiante.

 

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