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Não vou entender jamais

Religioso e devoto de Nossa Senhora, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ontem, na live do Conexão Empresarial Especial Saúde, que pede à santa, todos os dias, para mostrar um caminho para essa “enrascada em que nós, brasileiros, nos metemos”. A declaração foi ao se referir a gravidade da pandemia da Covid-19 no Brasil. Para Mandetta, o país enfrenta uma série de problemas, mas o maior deles é o raciocínio perverso do presidente Jair Bolsonaro que, na sua avaliação, ao tratar a pandemia de forma cruel, faz com que as pessoas o sigam e passem a agir da mesma forma.” Ele manipula essas pessoas para justificar as mortes como resultado da maneira como decidiu lidar com a doença, por entender que mais à frente irá argumentar que essa dor vai virar saudade”.

Projeções

Há um ano Mandetta deixou o ministério da Saúde, onde tentou imprimir um tratamento à doença com medidas que não contaram com o apoio do presidente. Mandetta disse que junto com técnicos do Ministério da Saúde, preparou três cenários da doença que foram apresentados ao presidente. O mais otimista falava em 40 mil mortes até dezembro do ano passado, o realista, 80 mil mortes e no pessimista, caso o país errasse em todas as suas ações para conter a pandemia, os óbitos poderiam chegar a 180 mil. Mandetta lembra que em dezembro do ano passado, o país registrou 192 mil mortes, um cenário ainda pior do que o pior dos cenários.

Melhor rede de vacinação

O mais grave, segundo ele, e que “não vou entender jamais” é que em agosto do ano passado, quando os laboratórios passaram à terceira fase dos testes e procuraram o Brasil, que é conhecido por ter uma das melhores redes de vacinação do mundo, o país não quis comprar os imunizantes. Ele alerta para o fato de que em janeiro, com as alterações no vírus detectados em outros países, no Brasil não houve sequer o monitoramento das cepas. Quando a variante do vírus chegou a Manaus, lembra ele que veio uma forte carga viral e o que se viu foi pessoas morrendo por asfixia, “talvez a mais cruel das mortes”, lamentou.

Aumento das mortes

O que acontece no país atualmente, segundo Mandetta, é a redução dos casos da doença, com o aumento de mortes. Outro ponto que também deveria estar sendo levado em consideração- adverte o ex-ministro- é qu,e por se tratar de “uma síndrome de três tempos, deveríamos estar falando de tratamento pós Covid. Muitas pessoas que contraíram a doença apresentam problemas cardíacos, perda de memória, surdez, depressão e outras sequelas e o Sistema de Saúde não fala em prevenção”. Outra preocupação é de que durante a pandemia, houve uma queda significativa nos exames de mamografia, de próstata, pararam com as cirurgias eletivas e há uma fila enorme esperando o “tempo hospitalar”.

Debatendo a saúde

Mandetta debateu no Conexão Empresarial, evento promovido pela VB Comunicação, com os médicos Lucimar Assunção, do Biocor; o cardiologista Marcos Andrade, com o presidente da Unimed-BH, Samuel Flam e com os organizadores da live e diretores da VB Comunicação, Paulo e Gustavo Cesar Oliveira. Lucimar Assunção disse que sentiu falta da atuação dos agentes de saúde no enfrentamento da pandemia. Em resposta, Mandetta disse que um dos grandes problemas que ocorreram foi a falta de equipamentos, até mesmo de máscaras, para que esses agentes fossem treinados para ir a campo com a ajuda dos Médicos da Família, um programa que tem profissionais em todo o país. Isso foi gerado, segundo ele, devido a dependência mundial em relação aos produtos da China. Quando o país asiático fechou a suas portas por 40 dias para combater o vírus internamente, o mundo inteiro ficou desassistido. Essa, segundo ele, é uma questão que terá que ser enfrentada, porque certamente, outros vírus virão.

Belo Horizonte

Belo Horizonte foi extremamente competente no combate a Covid, segundo Mandetta, que afirma que a cidade tomou medidas duras, mas importantes, o que a coloca como a capital com o menor índice de letalidade. Um aspecto importante durante esse processo e que permitiu que a população tivesse acesso aos serviços de saúde foi a parceria com a Unimed-BH. Samuel Flam relatou a Mandetta que a cooperativa médica cedeu dados, equipes e equipamentos e medicamentos, para ajudar no tratamento das pessoas afetadas pela Covid-19. Além disso, ele lembrou que foram criados mais 350 leitos com oxigênio, respirador, recursos de laboratório e humanos para garantir o atendimento, que foi reforçado com as consultas on line e outras medidas. Mandetta, que foi presidente da Unimed de Campo Grande, disse que sempre esteve atento ao trabalho realizado em Belo Horizonte. Ele lamenta que o cenário mais duro da pandemia tenha se concretizado no país e torce para que o Brasil ache o seu equilíbrio. Ele afirmou que em Belo Horizonte não houve nenhum caso de morte sem que a pessoa tenha tido atendimento.

Recomeço do mundo

O ex-ministro concordou com o ponto de vista de Marcos Andrade, de que é preciso pensar em como “estamos tratando as pessoas. Quem somos nós e quem são os nossos pacientes, como eles estão sendo respeitados dentro dessa cadeia”. Para ele, não é à toa que este momento está sendo considerado como “o grande recomeço do mundo”. O vírus ataca a sociedade como um todo”. Mas para Mandetta, faltam lideranças mundiais para conduzir essas questões de como o mundo se relaciona com o meio ambiente, das questões habitacionais, de saneamento e de como buscar ações preventivas. O Conexão Especial Saúde tem o apoio da Anglo American, Biocor, Lider Aviação, Mercantil do Brasil, Saint Andrews-Gramado, Unimed-BH e Usiminas.

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