Novas denúncias de pagamento de propina ao presidente Michel Temer (foto) complicam ainda mais sua situação política. Ricardo Saud, diretor da JBS, relatou ao Ministério Público Federal, que o grupo pagou 15 milhões de reais ao presidente Michel Temer para a sua campanha à vice-presidência em 2014, mas “decidiu guardar um milhão de reais”. O dinheiro, segundo o delator, saiu de uma conta de propina do PT, abastecida com recursos do BNDES. A conta chegou a ter 300 milhões de reais do PT, mantida com recursos do BNDES. O dinheiro repassado a Temer teria sido dividido em R$ 9 milhões pagos em cinco parcelas ao PMDB nacional, como “propina dissimulada em forma de doação oficial”; R$ 3 milhões teriam sido entregues a um intermediário do ex-deputado Eduardo Cunha em um posto de gasolina no Rio de Janeiro; e R$ 2 milhões teriam sido repassados a Duda Mendonça, como parte do pagamento pela campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. De acordo com Saud, o pagamento a Duda Mendonça foi “simulado como se ele tivesse prestado um serviço” para uma das empresas do Grupo JBS.
Lula e Dilma receberam até 150 milhões de dólares
A metralhadora giratória do dono da JBS, o empresário Joesley Batista, não para e atinge a todos. Ninguém escapa. Joesley e o executivo da empresa, Ricardo Saud relataram na delação, pagamentos em contas no exterior para Lula e Dilma. O saldo dessas contas em 2014 teria chegado a 150 milhões de dólares. O ex-ministro Guido Mantega seria o intermediário dos pagamentos que segundo eles, saiam de esquemas criminosos no BNDES e de fundos de pensão. Em 2010, por intermédio do ex-ministro Antonio Palocci, teria sido feito outro repasse de 30 milhões de reais para a campanha de Dilma. O nome do senador tucano José Serra (PSDB-SP) também apareceu na delação, como tendo recebido 20 milhões de reais para a sua campanha eleitoral.
Propina irrigou 1.829 candidatos
O diretor da JBS, Ricardo Saud, listou doações que somam quase 600 milhões de reais para 1.829 candidatos de 28 partidos. Foram eleitos com dinheiro da propina 179 deputados federais de 19 siglas, 28 senadores e 16 governadores. Dos 16 governadores eleitos que receberam dinheiro da JBS quatro são do PMDB, quatro do PSDB, três do PT, dois do PSB, um do PP e um do PSD.
Multa bilionária
Com a delação premiada, os donos e executivos da JBS escaparam da prisão, mas o Ministério Público Federal insiste no pagamento de uma multa no valor de 11,169 bilhões de reais pago em 10 anos. O acordo de leniência com o Grupo J&F, holding que opera a JBS, dependia desse acerto. Os empresários propuseram pagar um bilhão de reais, mas os procuradores entendem que o valor estipulado é equivalente a 5,8% do faturamento obtido pelo grupo em 2016 e o oferecido por eles equivale a 0,51%. Nos acordos de leniência, as empresas envolvidas assumem a participação em determinado crime e se comprometem a colaborar com as investigações, além de pagar multas em troca de redução de punições.