Alguém aí, por favor, avise ao ex-presidente Lula que o seu mandato já terminou faz algum tempo. Há quase cinco anos. Avisem também que a crise brasileira não é assim tão recente, nem se iniciou em 1º de janeiro de 2011, quando a presidente Dilma assumiu seu primeiro mandato. Não se pode negar a grande contribuição que ela deu para o agravamento, mas seria injusto não reconhecer que, quando assumiu, já encontrou todos os fundamentos da crise bem instalados. Alimentou-os e até os vitaminou em 2014 para assegurar a reeleição, mas não os criou. Herdou-os de seu antecessor e criador. Que agora age como se responsabilidade alguma tivesse e até propõe soluções que os especialistas em economia garantem ser de modelos superados. Ao tentar interferir na gestão atual, o ex-presidente só faz agravar a crise política que é, basicamente, de falta de liderança. Impor a mudança do ministro da Fazenda, indicando Meirelles, que fundamentalmente difere minimamente de Levy, é desmoralizar a autoridade presidencial, num momento em que o país reclama da ausência de líderes, alguém capaz de dar sustentação à equipe que procura reorganizar o país. Lula (foto) sabe que o modelo econômico e social que adotou em seu governo, elogiado e contestado com a mesma intensidade, não foi seu. Até mesmo por ser o oposto de suas pregações. Ele delegou a concepção e a execução do modelo, mas foi fundamental para sua implantação. Foi quem liderou politicamente, quebrando resistências e conquistando apoios. Dando credibilidade a um projeto. Pois é exatamente isto que o país está precisando agora. De um governante com credibilidade. Pois é a confiança no líder que faz as coisas acontecerem. Mas o líder precisa estar institucionalmente respaldado. E hoje, Lula não tem estas credenciais. Já não lidera soberanamente sem seu próprio partido. É hora de recato. Será muito bom para a República. E preserva biografias.