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Tempestade perfeita

O inferno astral vivenciado pela presidente Dilma Rousseff após a ruptura de Eduardo Cunha, agora se agrava com a saída de Michel Temer (foto) da articulação política. O vice-presidente, normalmente uma mera peça decorativa, adquire status de super star e se desloca para o centro dos acontecimentos. Embora, não tenha conseguido fortalecer o governo enquanto desempenhou suas funções delegadas, agora o enfraquece através do simbolismo do lance político que acaba de consolidar. Café Filho, em 1954, apresentou ao presidente Getúlio Vargas a proposta de ambos renunciarem, em virtude da crise política da época. Deu no que deu, naquele fatídico 24 de agosto de 1954. Já imaginaram se Michel Temer – a exemplo desse gesto histórico, fizer a mesma sugestão, agora, de ambos renunciarem?

 

Temer oficializa saída da coordenação política

A saída de Temer do comando do “varejo da política” foi oficializada ontem (24), durante uma conversa com a presidente Dilma, no Palácio do Planalto. Parlamentares próximos de Temer alegam que ele teve as suas funções esvaziadas e tinha o seu trabalho boicotado pelos ministros da Casa Civil, Aloísio Mercadante, PT-SP, e pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O vice-presidente teria cobrado a liberação de R$ 500 milhões para pagamento de emendas parlamentares prometidas a aliados, mas o ministro da Fazenda negou, argumentando que não havia recursos em caixa. Temer reagiu e deixou claro o seu descontentamento, principalmente por não conseguir cumprir os compromissos acertados com a base governista. Essa situação foi agravada com a sua ausência em reuniões da presidente com seus principais assessores para discutir assuntos como as manifestações do dia 16 de agosto. A opinião do vice-presidente não era levada em consideração pela presidente Dilma nesses temas, e ela deixava isso explícito, ao excluí-lo das conversas, segundo os peemedebistas próximos a ele. A presidente também teria se irritado com a declaração de seu vice, de que o país precisava de “alguém que tenha capacidade de reunificar a todos”, ao falar da gravidade da crise política e econômica brasileira. A saída já era esperada e em uma conversa franca, porém amistosa, a presidente e seu vice decidiram que caberá a ele a coordenação das discussões maiores, as mesmas de que ele tem sido excluído até agora.

 

Padilha sai em setembro da coordenação política

O ministro da Aviação, Eliseu Padilha, PMDB, que ajudava Temer na tarefa de dialogar com o Congresso Nacional, também vai deixar a função no início da próxima semana. A presidente Dilma quer mantê-lo na função, para evitar o agravamento do diálogo com os deputados federais, pondo em risco a sua governabilidade. Mas um grupo no PMDB defende o seu afastamento da coordenação política. Para muitos, esse distanciamento pode significar o início de uma ruptura, para que não haja impedimento para o vice assumir a presidência, em um caso de afastamento da presidente Dilma e o agravamento da crise entre o governo e o Congresso Nacional.

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