Este será um domingo de muita tensão para o governo da presidente Dilma. Em várias capitais brasileiras, e cidades do interior, serão realizadas manifestações contra o governo, exigindo providências efetivas para acabar com a corrupção envolvendo o PT e seus aliados. As primeiras manifestações pós petrolão, realizadas em março, assustaram o governo pela quantidade de pessoas de todas as classes sociais que foram às ruas mostrar sua indignação. Nem o nordeste, com quem os petistas contam sempre, ficou de fora, e São Paulo, a cidade, colocou mais de um milhão de pessoas, enquanto em cidades do interior outras centenas de milhares protestaram, com alguns pedindo o impeachment da presidente. Desde que, usando as redes sociais, o povo começou a se aglutinar e manifestar indignação, o PT vem desdenhando do movimento. Ruy Falcão, presidente nacional da legenda, e até Lula, tentam minimizar o movimento rotulando-o de coisas de uma minoria das elites golpistas. Os fatos tratam de desmentir as afirmativas e desculpas do PT, seus aliados, e do governo. Ao protestam ganharam uma dimensão maior do que até mesmo seus idealizadores imaginavam. E a indignação popular vem aumentando. Pesquisa realizada pelo DataFolha, divulgada ontem, mostra que 63% dos brasileiros são a favor da abertura do processo de impeachment da presidente. Pior do que isto é o fato de que 57% dos brasileiros consideram que a presidente sabia do roubo na Petrobras e foi omissa. Outros 26% acham que ela sabia, mas que nada poderia fazer para acabar com ela. A depender do que foi encontrado pelos pesquisadores, as manifestações de hoje podem ser ainda maiores do que as do mês passado: 75% dos entrevistados apoiam os protestos de rua. A pesquisa revela um dado curioso e que mostra o total descompromisso do brasileiro com a vida política do país. A esmagadora maioria dos entrevistados não sabe que, ocorrendo o impeachment, quem assume o governo é o vice presidente. Pior, 63% não sabe nem quem é o vice – presidente da República. Talvez se soubessem… No Planalto há o receio de que as manifestações de hoje possam ser infladas pela divulgação de uma nova etapa da Operação Lava Jato, com a prisão de sete pessoas, três delas ex-deputados, e a descoberta de fraudes também no Ministério da Saúde e Caixa Econômica Federal. A confirmação de que a corrupção está disseminada por outros órgãos e empresas do Governo Federal, receia o Governo Dilma, poderá aumentar a revolta popular. Ontem representantes dos diferentes grupos de organização das manifestações em Belo Horizonte se reuniram na Praça da Liberdade, onde está prevista a concentração, hoje, às 10 horas. Para o advogado Aristóteles Atheniense , um dos organizadores dos protestos, defende a participação popular, sem conflitos, mas não se arrisca em previsões quanto ao público. “Na primeira manifestação, de março passado, muita gente não veio com receio de violência. Agora pode acontecer que, muitos dos que vieram em março, deixem de comparecer, entendendo que já fizeram sua parte. Isto é um grande erro, mas pode acontecer. Fica então difícil prever quantos estarão na praça”. Bom, seja lá quantos forem, que se manifestem em ordem, sem violência. Protestar é parte da democracia. Agredir não.
