Embora tenha havido manifestações favoráveis à regulamentação do uso recreativo e medicinal da maconha, argumentos contrários dominaram o debate nessa segunda-feira. Os participantes da audiência questionaram, por exemplo, a capacidade dos órgãos públicos em fiscalizar o uso da substância. A eficácia do uso medicinal também foi questionada. Para o padre Aníbal Gil Lopes, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, não há evidências científicas que comprovem a segurança e eficácia dos canabinoides para o tratamento da epilepsia. Ele defendeu que os protocolos existentes no país sejam seguidos, nos estudos preliminares sobre o uso da maconha. “No momento é aceitável o seu uso em ensaios clínicos controlados. O Brasil tem toda uma normativa altamente reconhecida internacionalmente através da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e do Conselho Nacional de Saúde. Portanto, dentro do contexto de pesquisa científica, cada protocolo devidamente analisado pode ser, do ponto de vista científico, aceito”, defendeu. Já o psiquiatra Marcos Zaleski (foto) destacou que a maior disponibilidade de uma droga aumenta o seu consumo e os problemas relacionados ao seu uso. “A liberação da cannabis por qualquer governo passa a mensagem de que se intoxicar é permitido, especialmente junto à criança e ao adolescente”, criticou. Além dos efeitos agudos do uso da maconha como olhos avermelhados, boca seca, taquicardia, broncodilatação, ele destacou como efeitos psíquicos agudos a angústia, tremores, sudorese, prejuízo na memória e atenção, alteração da percepção espacial e temporal, delírios e também alucinações em alguns casos.