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Minas precisa ser protagonista

Paulo César de Oliveira
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Para o presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr., já é tempo de Minas sair de uma posição apenas reativa para se transformar protagonista na vida econômica nacional. Ele defende uma política industrial para o país e uma específica para o estado, em razão de suas peculiaridades. Nesta entrevista ao blog, Machado demonstra confiança no trabalho de Fernando Pimentel, “que foi um bom ministro”, e nas vantagens de se ter “um Governo Federal amigo”.

 

 

Durante a campanha eleitoral houve um debate acalorado sobre a questão da indústria de Minas, de que em Minas falta uma política econômica. Em que o governo estadual pode influir em termos de uma política econômica do Estado?

 

Eu acho que falta uma política econômica para o país. A política econômica do estado é quase uma consequência…

 

Desculpe, eu coloquei mal, política industrial.

 

Mas mesmo a política industrial nós precisamos ter um mote da importância da indústria para o país. E Minas, é claro, vai adaptando as condições nossas, as características nossas e ele vai fazer um novo estímulo. Então falta sim. Acho que isso é importante para que a gente possa ter desenvolvimento.

 

Primeiro uma política industrial para o país.

 

Primeiro a do país e depois a de Minas, que tem que ser específica. Na vertente maior o que nós temos? Nós temos minério. O que nós agregamos de valor, não só ao minério, mas nos equipamentos que são desenvolvidos para explorar o minério? É muito pouco. Nós podíamos estar tendo uma indústria mecânica mais pujante, uma indústria de automação mais pujante se a gente explorasse só as possibilidades e oportunidades que o minério oferece a Minas.

 

Mas houve uma tentativa de se fazer isso nesse governo que termina agora. O que deu errado?

 

Eu acho que é exatamente o seguinte: Minas ficou em uma posição de oposição  “ao governo central” e é isso que naturalmente prejudicou. Houve sim muito boa vontade de todos, mas com muito pouco resultado alcançado, mas que pode ser alcançado sim. Minas precisa ser menos reativa. Nós precisamos ser mais protagonistas. Se você analisar a guerra fiscal nós estamos sempre esperando para ver se no último momento a gente pode “economizar” para o estado com daquilo que ele não arrecada e, com isso, quantas empresas não vieram para Minas nos últimos anos? Foram poucas as que vieram porque não temos atrativos. Os outros estados são muito mais agressivos.

 

Nós ainda estamos muito distantes da diversificação da indústria em Minas?

 

Não, até que não, se você for olhar, nós temos uma diversificação até muito interessante. Mas, porém, sem grandes empresas, sem uma motivação maior e sem, principalmente, acesso ao credito e às decisões centrais. As empresas grandes mineiras mudam para São Paulo, porque alguma coisa está faltando em Minas. A sede da empresa deveria estar aqui e são muito poucas. Nós primeiro perdemos os bancos e agora estamos perdemos o controle das empresas, que vão para fora.

 

Falta-nos a cultura do empreendedorismo?

 

Não. Eu acho que o mineiro é empreendedor. O que falta é uma visão do Estado,de que primeiro nós precisamos produzir e depois colher. E muitas vezes o Estado, na necessidade de colher, taxa de uma maneira que as empresas não conseguem sobreviver. Então, eu acho que o grande mote que nós temos nisso é que, carga tributária não é problema da empresa, é problema do Estado. O Estado é que onera além da capacidade daquilo que o mercado remunera as empresas. E as empresas são simplesmente repassadoras de recursos que arrecadam do consumidor para o Estado. Quando você não consegue vender, você não tem nada para repassar.

 

Qual vai ser a contribuição da indústria no ano que vem para o crescimento do país? Nesse 1% de crescimento previsto, a indústria será responsável por quanto?

 

Se a indústria não colaborar não chega a 1%. Se você não tiver uma indústria efetivamente produzindo, que esteja efetivamente transformando, nós não vamos conseguir chegar a 1%. Pense o seguinte: a indústria parando, daqui a pouco o comércio para e certamente o serviço vai parar antes do comércio.

 

O senhor acha que o Pimentel como ministro poderia ter ajudado mais?

 

Talvez nós mineiros, por outras razões, não soubemos aproveitar as oportunidades de tê-lo como ministro. Nós tivemos muita política envolvida nele como ministro. Mas ele foi um bom ministro. Você vai ao Amazonas e o pessoal da Zona Franca tem o Pimentel em alta consideração, pois ele foi uma pessoa que efetivamente conseguiu atender naquilo que é a reivindicação da indústria do Amazonas. Eu acho que ele tem conhecimento, tem agora um background muito maior do que é o desenvolvimento e com isso ele vai poder aplicar como governador.

 

Um governo amigo facilita?

Não tenha dúvida disso. Acho que toda vez que os vetores estão direcionados para o mesmo  lado é que as coisas vão andar melhor.

 

O sr acha que Minas Gerais terá um tratamento diferenciado desta vez?

 

Nós estamos apostando nisso. Nós acreditamos que vai sim.

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