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A primeira divergência veio antes do esperado

Paulo César de Oliveira
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A presidente Dilma Rousseff (foto) classificou nesse sábado como “infeliz” a declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre o modelo de desoneração da folha de pagamento promovido desde 2011 pelo governo federal. Na sexta-feira, ao falar a respeito da recomposição das alíquotas de imposto sobre a folha, Levy afirmou que o modelo vigente até então custava muito para a União – e que a política era “grosseira”. Para Dilma, a desoneração da folha é “importantíssima e continua sendo”. Levy anunciou nesta sexta um pacote de aumento de impostos e redução de benefícios a empresas. Durante o evento, o ministro fez críticas ao programa de desoneração. “A troca entre a folha e o faturamento não era muito vantajosa”, disse. Segundo ele, a “brincadeira” custou 25 bilhões de reais aos cofres públicos. “O governo está gastando para manter um emprego que não vale a pena”, afirmou. “É por isso que estamos reduzindo esse tipo de desoneração, pelo tipo de ineficiência dela”, afirmou. Levy classificou como “boa” a intenção do governo ao adotar a medida, mas que o resultado não foi o esperado.

Ministro bateu, presidente devolveu

“Se não fosse importante, já teríamos eliminado e simplesmente abandonado. Acho que o ministro Levy foi infeliz no uso do adjetivo”, comentou Dilma a jornalistas, pouco antes de participar da inauguração do Parque Eólico Artilleros, em Tarariras, no Uruguai. “O ministro e todos os setores estão comprometidos com a melhoria das condições fiscais do país. A desoneração da folha de pagamento é uma realidade e nós garantimos que haja um reajuste nas condições”, declarou Dilma. De acordo com a presidente, a desoneração da folha não é “simplesmente um instrumento de ajuste fiscal”. “É um instrumento que vai permanecer. Agora, em certas conjunturas, temos de reajustá-los, ou para cima, ou para baixo”, apontou. Questionada se o ajuste fiscal seria um reconhecimento dos erros de gestão do primeiro mandato, Dilma respondeu: “Meu querido, quando a realidade muda, a gente muda”. Citou o exemplo da tarifa da energia elétrica, que vai subir em média, 23%, a partir da próxima segunda-feira. “A tarifa da energia decorre da chuva. Quando aumenta a chuva, diminui a tarifa, porque entra a energia hidrelétrica. Quando diminui a chuva, diminui a hidrelétrica e aí tem de contratar a térmica, e térmica é mais cara”, disse a presidente. Na avaliação da presidente, o Brasil vai sair da crise “mais forte”. “O Brasil tem fundamentos sólidos. Passamos dificuldades conjunturais e isso garantirá que o Brasil saia em outro patamar, podendo continuar a crescer, garantindo empregos que nós criamos e garantindo renda que nós conquistamos”. Informações da revista Veja com Estadão Conteúdo.

É sempre bom dar uma conferida na história

A propósito da primeira divergência – pública pelo menos – da presidente com o seu ministro da Fazenda, que poderia, sem qualquer dificuldade, ser ministro em governo “tucano”, é bom recordar um caso contado pelo economista Luiz Carlos Mendonça de Barros. Eleito governador de São Paulo, Orestes Quércia o chamou para uma conversa e foi franco e objetivo. “Olha Mendonça, quero convidá-lo para ser secretário da Fazenda, em meu governo. Quero que você segure a chave do cofre e não abra para coisa alguma. Agora, quero avisá-lo que passados dois anos foi exonerá-lo do cargo. É que aí vou precisar gastar pois não posso perder as próximas eleições”. Será, Levy?

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