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Elite ou não, o povo foi às ruas

Paulo César de Oliveira
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Talvez seja este o momento do PT entrar numa fase de reflexão. Há sim um movimento anti PT em crescimento e esconder a sua existência, criando teorias absolutamente despropositadas para explicar a movimentação popular certamente não é o melhor caminho. As ruas mostraram isto ontem. Tentar comparar as manifestações do dia 13 com a do dia 15, dizendo que uma foi tinha plataforma, “em defesa da Petrobras, da democracia e da soberania nacional” e a outra, de ontem , foi confusa, carregada de ódio pela eleição perdida, como fez o senhor Rogério Correia, deputado do PT, é um desserviço prestado ao seu partido. Quem foi à manifestação de ontem, em Belo Horizonte, foi para se posicionar politicamente. Quase não se viu, por exemplo, camisa de time de futebol. E apenas uma ou outra faixa falando em volta de militares para acabar com os corruptos. Quem estava nas ruas, também não era a “elite branca ressentida pela ascensão dos mais pobres”. Foi para a rua manifestar-se politicamente pessoas com o perfil idêntico aos que foram às praças pedir o impeachment de Collor. A diferença, talvez, é que o primeiro tenha sido organizado pelo PT e o de ontem, contra o PT. O fato de ontem, com mais de vinte mil pessoas nas ruas de Belo Horizonte e os surpreendentes mais de um milhão em São Paulo, é que o povo começa a cobrar a saída de Dilma e do PT, até mais do PT do que de Dilma. Qual o resultado do ato de ir às ruas é a grande dúvida. Pode ser nenhum, como pode ser arrasador. Dependerá muito mais dos seus efeitos sobre o Parlamento, do que sobre o Executivo. Dependerá do comportamento que, daqui para a frente, terão Supremo Tribunal Federal, Ministério Público e até mesmo Policia Federal que nas manifestações de ontem começaram a receber faturas de cobrança da população. Deles se cobrou transparência nas apurações das denúncias contra políticos. É bom que se diga, de todos os partidos. Nem Lula escapou. Seu nome na lista dos investigados foi cobrado pelos manifestantes. À noite os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e Miguel Rossetto (foto), secretário geral da Presidência, falaram, em coletiva, em nome do governo. Falaram em legitimidade das manifestações, sem deixar de insinuar tentativas de impor regime militar. Falaram em leis anticorrupção e no empenho da presidente em combater os corruptos. E finalmente falaram em reforma política, defendendo o financiamento público de campanha. Mais do mesmo. E tomem panelaço, novamente, em vários bairros da cidade. Definitivamente o governo e o povo não se entendem. E ainda faltam 46 meses de mandato.

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