O número de trabalhadores demitidos em fevereiro superou o de admitidos em 2.415 vagas. O resultado é o pior para o mês, desde fevereiro de 1999, quando foi registrado saldo negativo de 78.030 empregos. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado decorre da diferença entre 1.646.703 admissões e 1.649.118 demissões registradas no mês. Em janeiro deste ano, o saldo negativo foi ainda maior: 81.774 postos de trabalho. Em fevereiro de 2014, o saldo foi positivo em 260.823 vagas. Com isso, no acumulado do ano a queda de postos de trabalho equivale a 80.732 postos e, nos últimos 12 meses, a redução corresponde a 47.228 empregos. Segundo o ministro do Trabalho, Manoel Dias (foto), apesar de o resultado ter sido negativo, há um indicador positivo: “ele demonstra estabilização em relação ao resultado obtido em janeiro”.
Petrolão atrapalha o emprego
Os setores que mais influenciaram a queda do emprego em fevereiro foram o comércio, com diminuição de 30.354 vagas na comparação com o mês anterior, e a construção civil, com queda de 25.823 postos. “Por outro lado, tivemos uma recuperação na área de serviços [52.261 vagas criadas]. No caso do setor de construção civil, os empregos são por prazo determinado e, no fim do ano, tivemos o término de muitos desses contratos. Mas novos orçamentos [destinados aos programas de habitação voltados para a população de baixa renda] vão estimular novas contratações”, acrescentou Dias. Segundo o ministro, há uma expectativa de melhora da situação de empregos na medida em que os R$ 56,5 bilhões previstos para a construção de casas próprias para a população de baixa renda forem sendo aplicados. “Estimamos que, só com esses investimentos, serão criados 2,5 milhões de empregos ao longo do ano. Já foram liberados R$ 8,7 bilhões para a contratação de mais de 99 mil unidades residenciais que vão gerar 285 mil novos postos de trabalho. Além disso, está em fase de estudo o acréscimo de R$ 10 bilhões nos investimentos para esse tipo de habitação.” De acordo com o Caged, a indústria da transformação apresentou saldo positivo de 2.001 vagas, o que, para o ministro do Trabalho, também representa um bom indicativo. Nesse setor, houve dois destaques: a indústria de calçados, com a geração de 5.401 postos de trabalho, e a indústria de produtos alimentícios, com saldo positivo de 2.329 empregos.O Rio de Janeiro foi o estado com mais perda de vagas no mês, com déficit de 11.101 postos de trabalho. “Certamente, por influência das denúncias nos contratos envolvendo a Petrobras”, admitiu Dias. O segundo estado em perdas foi Pernambuco, com queda de 10.660 postos de trabalho. Os melhores resultados foram obtidos em Santa Catarina e no Paraná, com a criação de 12.108 e 8.574 postos de trabalho, respectivamente.