Em política, onde, normalmente as coisas são invertidas, vale mais a expectativa de poder do que o poder propriamente. Ainda mais nos períodos de água turva na economia. Este parece ser o quadro enfrentado agora pela presidente Dilma e pelo seu partido, o PT. A presidente que se elegeu legitimamente mas com uma diferença muito pequena, está negociando no poder os apoios de que precisa para manter a tal da governabilidade. Contra si tem uma economia em frangalhos e um caixa zerado, sem qualquer possibilidade de “falar no ouvido o que os parlamentares gostam”. Traduzindo, tem no máximo alguns poucos cargos a oferecer à sua base pois nos melhores estão abotelados os petistas mesmo, gente com pouco compromisso com a presidente, embora agarrada aos empregos. Para piorar, ela não poderá disputar novamente a presidência. Aí então o problema passa para o PT que não tem, por mais que diga ter, uma candidatura que possa, neste momento, gerar uma expectativa de poder futuro, servindo para atrair as mariposas política. Lula? Por mais que digam ser ele candidato, fica difícil acreditar. Com a economia em péssimas condições, seria mais arriscado para ele ganhar do que perder. Claro que o poder é inebriante. Lula tem porém uma história, é quase um mito e dificilmente se arriscaria a destruir esta imagem. Além do mais tem conseguido se manter incólume nos escândalos embora, volta e meia alguém fale em investigá-lo. Caso se lance de verdade, pois até aqui tem apenas ameaçado, não faltará quem, de lupa nas mãos, passe a procurar suas digitais nos escândalos. Sem Lula o PT não tem nomes para a disputa. Não tem, então o que oferecer para o futuro. A solução então é cuidar do presente. Arrumar outro discurso que não seja o do golpismo. Os próximos dias são muito bons para a reflexão. Com os feriados da Semana Santa, com Brasília vazia, fica mais difícil funcionar a usina de escândalos do governo e do PT. Bom então que se aproveita a calmaria para refletir numa saída.