“Há um agravamento progressivo no setor da saúde no país, sem que os governos, especialmente o Federal, se sensibilize e tome medidas efetivas para conter, não mais o caos, já instalado, mas a falência completa do sistema de saúde pública no país”. O alerta é do deputado Arlen Santiago (foto), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia de Minas, que se mostra assustado com o quadro do atendimento público de saúde em Minas, e com a precária condição dos hospitais, especialmente os filantrópicos, com atendimento pelo SUS. “Tecnicamente, a maioria dos hospitais está falida. O sistema só não parou inteiramente pela abnegação de seus servidores e a teimosia dos dirigentes, cada dia mais sufocados por dívidas. O que nos preocupa é a possibilidade de, em pouco tempo, acontecer o fechamento destes hospitais. Nos últimos anos foram fechados mais de 13 mil leitos hospitalares pelo Brasil e ainda milhares de vagas nas maternidades. O setor privado está quebrado e o público sucateado. Ou agimos ou, podem anotar, viveremos uma tragédia no país.”
SUS hoje é apenas uma boa ideia
A Comissão de Saúde da Assembleia de Minas vem buscando levantar toda a realidade da saúde no estado, realizando audiências públicas em Belo Horizonte e no interior. Na semana passada houve audiências públicas em Pouso Alegre e em Juiz de Fora, para discutir a situação dos hospitais e nesta quinta-feira haverá reuniões em Curvelo e em Montes Claros, com representantes de todos os segmentos da área de saúde. “Sabíamos que o quadro era estarrecedor, mas o que estamos vendo e ouvindo é ainda mais preocupante. O governo federal deixou o SUS chegar a uma situação tal que, ouso dizer, já não pode ser resolvida apenas com a injeção de recursos, muito embora o sub financiamento do setor seja a causa principal de sua falência”. Arlen Santiago aponta exemplos do sub faturamento do setor, afirmando que, há dez anos, não há reajustes no valor pago por uma consulta médica especializada. “Hoje o médico recebe R$ 10,00 por uma consulta.O hospital recebe R$ 5,00 por raio X de tórax e, apenas com o filme, gasta R$ 12,00. O SUS paga aos hospitais R$ 430,00 por uma diária de UTI que tem um custo real de R$1.600,00. Não se pode falar mais em defasagem nos preços. O que há, na verdade, é um desrespeito com os prestadores de serviço e usuários do sistema”. Para o deputado, o SUS está se transformando apenas numa boa ideia que o Governo Federal vai deixando acabar. “Que não venham dizer que é uma questão de gestão. Que a responsabilidade é de Estados e municípios. O problema está mesmo é na falta de compromisso do Governo Federal com a saúde pública e só será resolvido quando o povo entender que precisa se engajar na luta para salvar o SUS e, com isto, salvar vidas”.