Os petistas no Congresso ficarão diante de um dilema esta semana: ou aceitam abrir mãos de velhos e surrados conceitos, ou inviabilizam o governo Dilma. A discussão e a votação das Medias Provisórias do ajuste fiscal, colocam o partido nesta encruzilhada de ser obrigado a decidir entre o discurso fácil dos benefícios sociais aos montes, de tudo para todos, e de graça, diante do cada dia mais urgente de cortar gastos, de conter despesas e fechar ralo por onde escoam recursos que o governo não tem. Aprovar os ajustes é negar discursos. Não aprová-lo é negar à presidente as condições de governar. É, na prática, abrir mão do poder. Se a presidente resolver seguir a cartilha do neoliberalismo, que é como alguns petistas vêm o ajuste, poderá ganhar massa muscular para governar e, num horizonte mais distante, até ajudar a reeleger seu sucessor. Se não fizer isto, leva o governo à falência e arrasta a economia para o buraco já bem visível. O instinto de sobrevivência, com certeza, vai prevalecer. Até mesmo porque o Partido dos Trabalhadores já não se parece com aquele que alguns ideológicos pensavam criar. Assumiu o pragmatismo, em alguns casos até em excesso. Vive a ironia de tentar provar agora que é igual aos outros. Pura ironia. Quem pregava ser diferente em suas práticas, luta agora para mostrar-se igual aos demais, como forma de defender seus atos, seus escândalos. Até mesmo sua propalada democracia interna, que o fazia diferente, o PT vê contestada agora, como na entrevista do ministro Patrus Ananias, nesse final de semana ao jornal O Estado de São Paulo. O ministro chega ao ponto de sugerir ao partido que abra mão do poder, se necessário for, para retomar suas antigas propostas que o faziam diferente. Patrus Ananias continua um sonhador, é verdade. Mas que o PT precisa urgentemente se repensar, também é uma verdade.
Por: Paulo César de Oliveira