A presidente Dilma Rousseff (foto) reafirmou ontem (11), em Bruxelas, na Bélgica, a prioridade de seu governo no combate a inflação. Para a presidente o Brasil não pode conviver com a inflação em patamares elevados, daí o empenhado de seu governo “em empurrá-la para baixo”. Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE informou que o IPCA acelerou 0,74% em maio, atingindo 8,47% no acumulado dos últimos doze meses – o maior resultado desde 2003. “Esses dados e, “preocupam bastante”, disse a presidente. “A inflação é um objetivo que nós temos de derrubar, e derrubar logo. O Brasil não pode conviver com uma taxa alta de inflação.” Assim como na campanha eleitoral, a presidente atribuiu os resultados negativos da economia brasileira à crise internacional, citando o desaquecimento da economia da China. “A economia internacional, que estava em crise desde 2008, até hoje não se recuperou. Ela está andando de lado. Veja que, com 7% de crescimento da China, o menor em 25 anos, o crescimento do mundo ainda é 2,8%”. Perguntada se a crise não era apenas uma “marolinha” para o Brasil, como havia dito o ex-presidente Lula da Silva em 2008, ela afirmou que era, mas que virou uma “onda”. “Naquele momento, foi sim, senhor. Mas depois a marola se acumula e vira uma onda”, justificou, mencionando ainda a crise do banco Lehman Brothers, em 2008, nos Estados Unidos, e a crise das dívidas na Europa, iniciada em 2010. “Sabe por que ela vira onda? Porque o mar não serenou”, considerou.
Além da onda, a seca
As declarações da presidente foram feitas pela manhã em Bruxelas, onde a comitiva brasileira participou da reunião de cúpula entre a União Europeia e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Além de culpar o ambiente externo, Dilma apontou a seca que atingiu a região sudeste como motivo para a alta no preço dos alimentos. A pressão também tem contribuição, segundo ela, da “variação” dos juros americanos e do ajuste cambial, que desvalorizou o real ante a moeda americana. Entre 2012 e 2015, argumentou, o dólar passou de 1,60 reais a 3,17 reais, o que provoca “oscilações”. “A inflação deste ano é atípica. Ela é fruto de várias correções. Nós temos certeza que a causa não é estrutural, mas conjuntural.” A presidente não associou os ajustes fiscais realizados pelo Ministério da Fazenda entre as razões do aumento dos preços. A respeito dos ajustes a presidente afirmou que “o Brasil está tomando todas as medidas para se fortalecer macroeconomicamente. Houve esse movimento da inflação e estamos tomando todas as medidas para estabilizá-la. “A presidente voltou a defender as medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda. Segundo ela, o ajuste precisa ser feito porque houve queda no ritmo do crescimento, o que resulta em queda na arrecadação. “Nós fizemos de tudo: reduzimos impostos, ampliamos créditos, subsidiamos taxa de crédito. Agora esgotou nossa capacidade fiscal e temos de recompô-la e continuar”, afirmou.