A presidente Dilma, em sua defesa, contra as ações do que chama de golpistas, vive a dizer que tem legitimidade, dada pelo voto, para exercer seu mandato até o fim. A questão é saber se a presidente, de fato tem esta legitimidade que afirma ter. Ela pode estar até convencida que sim, mas para muita gente, ela não tem. Pelo simples fato de ter sido ungida nas urnas para executar um programa de governo, vendido por ela e comprado pela população, e estar fazendo um governo contrário a tudo aquilo que prometeu. E isto tirou dela a legitimidade. Tanto que, tivéssemos no Brasil o instrumento do recall, que é o direito do povo revogar um mandato , frustrado pela incompetência ou traição dos representantes eleitos, e a presidente certamente perderia o seu. Quem duvida que veja, ou reveja, as pesquisas de avaliação do desempenho de Dilma. Sua rejeição atingiu níveis jamais vistos no país. Momento? Pode ser, mas de difícil superação, No presidencialismo, é fundamental a liderança e o poder de comando do presidente. Dilma, infelizmente, não dispõe deste cacife. Está cada dia mais dependente de terceiros, de gente com mandato ou não, como o seu inventor, o ex-presidente Lula que hoje não se sabe se está preocupado com a situação do país e, como consequência do governo, ou se está dedicado em tempo integral a salvar o próprio pescoço e reputação. Com o seu grupo dominando o país já há treze anos, Dilma já não tem o que oferecer em troca do apoio. E este é o jogo do presidencialismo de coalizão em qualquer país onde ele exista. No Brasil este jogo é exacerbado e o apoio vai ficando cada dia mais caro. Cargos a presidente não tem mais a oferecer. Já estão ocupados faz tempo. Com a crise econômica falta dinheiro para outros agrados, como uma obra aqui, outra acolá, o pagamento de uma emenda parlamentar. Isto quer dizer que a presidente não tem como sair da crise em que se meteu? Não. Mas que é difícil, lá isto é. A sorte é que os diversos Projetos de Emenda Constitucional que estão no Congresso, alguns de autoria ou tendo na relatoria, políticos de esquerda, na prosperaram. Sorte da presidente, é bom esclarecer.