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Entendimento pode funcionar

Paulo César de Oliveira
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Se nem mesmo o partido da presidente, o PT – notem que não estou falando da base, de outras legendas – apoia o plano de ajuste da presidente Dilma e do ministro Levy, como então cobrar das oposições patriotismo, preocupações com o futuro do país, ajudando a aprovar medidas que não são consenso nem mesmo entre economistas? Dizer que a oposição está “jogando no quanto pior melhor”, que está no palanque do terceiro turno, enquanto o Brasil arde na crise, é, isto sim, estar apostando no pior. Ninguém faz “xô quando quer galinha”, dizem no interior de Minas. Pois é exatamente isto que anda fazendo a presidente e seus queridinhos, quando acusa os oposicionistas de não colaborarem com seus planos. Dizem que acusamos os outros exatamente daquilo que somos. E o PT, ao longo de sua história, não fez outra coisa que não fosse apostar no pior como caminho mais curto para chegar ao poder. Pois é, chegou, num momento em que o Plano Real enfrentava dificuldades pela conjuntura internacional.  As oposições agora estão apenas cumprindo seu papel e ecoando aquilo que pensa a sociedade: o ajuste do governo não tem fundamentos para assegurar o controle das mazelas da economia. No máximo ajudará o avião a se estabilizar no ar. Mas ele continuará na rota de colisão com a montanha. É o que afirmam os especialistas, é o que sente o povo. O Brasil precisa de audácia nas suas reformas. Necessita urgentemente enfrentar problemas que são de décadas, alguns, como as desigualdades sociais e econômicas entre suas regiões. Adianta pouco ministrar gotas de analgésicos em pacientes terminais. É hora da presidente Dilma tentar ser agora o que não foi até aqui: gerentona e líder. Que ela tente arrombar a porta da frente da história, chamando a um entendimento nacional em torno de propostas reais de mudança, sem se importar em pavimentar o caminho para fazer seu sucessor. Até porque, com o que está sendo apresentado agora, ela não vai conseguir nem mesmo uma “operação tapa buraco” para que seu futuro candidato, mesmo que seja Lula, chegue ao Planalto. Então, se é para perder, que perca com dignidade, fazendo o que é necessário. Se as urnas de 2018 não lhe fizerem justiça, a história fará.

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