O ex-presidente Lula da Silva prestou depoimento ontem (15) no Ministério Público Federal do Distrito Federal, em um inquérito que investiga tráfico de influência. As investigações são para apurar as viagens internacionais feitas por Lula e que teriam sido bancadas pela Odebrecht. Entre os países visitados pelo ex-presidente com patrocínio da construtora estão Cuba, República Dominicana, Gana e Angola. A assessoria do Instituto Lula disse que ele foi voluntariamente ao MP, respondeu às perguntas e argumentou que os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior. A assessoria do ex-presidente disse também que ele afirmou “jamais ter interferido” em qualquer contrato celebrado entre o BNDES e empresas privadas. No início do mês, o ministro Teori Zavascki, relator da operação "Lava Jato" no Supremo Tribunal Federal, autorizou a Polícia Federal a colher depoimento do ex-presidente Lula como "informante" nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras. O pedido para ouvir Lula (foto), feito pela PF, teve parecer favorável por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, semana passada.
Do Ministério Público para o Palácio da Alvorada
Depois de prestar o depoimento no Ministério Público, o ex-presidente Lula se reuniu com alguns deputados petistas para discutir a crise política e analisar resultados das últimas manobras do governo para evitar a abertura do processo de impeachment e o desgaste do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O governo tenta um acordo com Eduardo Cunha, bombardeado com denúncias, a cada instante, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Depois da conversa, Lula seguiu para o Palácio da Alvorada para se reunir com a presidente Dilma. Os dois já haviam se encontrado em São Paulo, na terça-feira, 13, à noite, quando a presidente fez um discurso, em evento da CUT, e atacou os "moralistas sem moral" que querem ataca-la e chamou de "golpismo escancarado" o "artificialismo" do impeachment. Lula tem direcionado o tom e as palavras usadas pela presidente Dilma para garantir fôlego a ela e numa tentativa de enfraquecer o discurso da oposição.