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Cabo de guerra

Paulo César de Oliveira
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Bem, até onde é possível esticar? Qual será o limite suportável para o país? Estas passam a ser agora as perguntas cujas respostas são fundamentais para todos nós. A cada dia assistimos ao esticar de uma corda política que em nada interessa a nenhum de nós, sejamos empresário ou empregado, profissional liberal ou autônomo, estudante ou desempregado, criança ou aposentado. Esse cabo de guerra, até aqui, só fez com que a economia se deteriorasse ainda mais, levando o Brasil a apresentar números cada vez mais preocupantes em sua economia. O mais grave, no entanto, é que estamos assistindo também a total desmoralização de nossas instituições ainda firmes, caiadas por fora, mas totalmente desmoronadas por dentro. E isso preocupa. Preocupa especialmente porque quanto mais lento for o processo de reação, mais distante será a recuperação.

Neste ano, é inevitável, vamos ter queda no PIB que, para os mais otimistas, ficará nos 3%. Para 2016, os hiper otimistas, entre eles o ministro Levy, vamos voltar a crescer. Quem admite que isso possa acontecer fala em crescimento de 1%. Isso, não se esqueçam, sobre uma base deprimida por uma recessão em 2015. Não podemos aceitar isso. Mas não podemos esperar que os políticos resolvam fazer, resolvam mudar esse quadro. Nós, sociedade, precisamos cobrar, agir. Agir para impedir que nossos governantes, e também nossos representantes de oposição, deixem de cumprir com seus deveres. A crise que estamos vivendo e que se aprofunda com os erros de escolha da sociedade e de seus políticos, precisa ser revertida. E nós não estamos trabalhando para isso. Ao contrário, vamos alimentando-a. A sociedade por sua inércia, os políticos por sua esperteza.

Parafraseando o senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima, “o governo vai distribuindo camarotes no Titanic, quando deveria estar se esforçando para mudar a rota do navio”. Em bom português, o governo deveria estar se empenhando realmente para promover reformas reais, em vez de buscar manter-se no poder por meio de barganhas com seus aliados e até mesmo com oposicionistas mais oportunistas. Sim, porque é do governo que devem vir propostas, caminhos para a saída da crise que ele gerou. É injusto cobrar das oposições propostas. Às oposições cabe o papel da vigilância, da crítica e, lógico, de apoio a medidas com as quais se identifica. Aí estão, por exemplo, as medidas do pacote de ajuste do ministro Joaquim Levy. À oposição ou, mais claramente ao PSDB, não se cobra outra coisa que não seja a aprovação das propostas. Simplesmente porque seriam essas as medidas que Aécio implementaria, caso tivesse vencido as eleições. Claro que sozinhas elas não são suficientes.

Cobrar novas ações, mais duras, especialmente cortes, não é desejar o quanto pior, melhor. É o papel natural da oposição que, para ajudar, não precisa, nem deve aderir. Deve sim, denunciar, esculhambar e exigir ações do governo. É hora de dar uma virada neste jogo. Nosso caminho para o crescimento está pavimentado. Para darmos a arrancada, precisamos fazer uma operação tapa-buraco, recriando condições mínimas, especialmente para que a população e os empreendedores, daqui e de fora, retomem a confiança. Sem ela, nada feito. A crise é, sim, política. A saída tem que ser política. Mas sem subterfúgios, sem mentiras para defender ou atacar. Por menos que gostemos dela, a política rege a nossa vida. Precisamos, por isso, cobrar que o país aprenda a fazer a boa política. Talvez fique a cada dia mais difícil encontrá-los, mas precisamos fazê-los assumir o seu papel. Temos outras coisas a fazer que não seja nos envolvermos em política? Pode ser. Mas é exatamente porque ficamos fazendo outras coisas, que eles tomaram conta de tudo. Primeiro arrancaram as flores de nossos jardins. Agora, já dormem em nossas camas.

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