O ano de 2015 foi de inversão de posições na Assembleia Legislativa de Minas. Quem era oposição foi para o governo e governo virou oposição. Os discursos raivosos e inflamados foram substituídos pelo tom baixo e ameno, apaziguador. A nova oposição tenta encontrar o tom e esbarra nos vícios de quem se acostumou nos últimos anos a defender o governo com unhas e dentes. Para o atual líder do governo, deputado Durval Ângelo (PT) ser líder tem sido uma tarefa até fácil mesmo sendo 2015 um ano de crises para todos os lados e sem dinheiro.
Primeiro ano do PT no governo de Minas e do senhor na liderança de governo. Como está sendo essa inversão de posição?
É muito fácil ser líder de governo mesmo em situação difícil, de baixa arrecadação, déficit orçamentário e de crises políticas, nacional e estadual. De tempos sombrios e intolerância, que a gente vive na sociedade, não só no Brasil, como no mundo inteiro. O governo Fernando Pimentel vem cumprindo seus compromissos. Mesmo com essa crise, o governo cumpriu seus compromissos com a educação, acertando o pagamento do piso salarial nacional. Com a saúde, houve também a renegociação dos quatro anos de salário defasados. Com a agricultura familiar, cumprimos o prometido com a criação de uma secretaria para a área, buscando uma aproximação com os movimentos que defendem a reforma agrária, colocando terras devolutas para fazer a reforma agraria. Com a questão das entidades de direitos humanos, criando a Secretaria de Direitos Humanos e Participação e principalmente, com aquele princípio que o Fernando Pimentel colocou na campanha, que governar é ouvir e ouvir para governar. Os 17 fóruns de governo foram um grande sucesso. Todas as propostas aprovadas no fórum foram incorporadas no PPAG e no Orçamento. Por isso eu digo que não foi difícil ser líder de governo. Mudo de posição, de pedra para vidraça, mas com um governo que tem tido coerência. O governador tem tido coerência, mesmo com as dificuldades com aquilo que ele assumiu de compromisso. Ao mesmo tempo, estamos aqui fazendo uma liderança de governo diferente, buscando o consenso. Defendo o governo de forma intransigente. Mas não ultrapasso os limites da democracia. E temos um presidente da Assembleia, que tem dado um grande exemplo no seu silêncio, na sua simplicidade. Ele não é um homem de falar muito, mas está ouvindo todo mundo para governar a casa e conseguindo fazer coisas fundamentais, agradando tanto os servidores efetivos quanto os de recrutamento amplo, deputados da oposição, deputados do governo e agradando o próprio governo. Essa dialética da gestão do Adalclever está nos ajudando a governar.
O PSDB é um partido que tem dificuldade para fazer oposição. Isso ajuda?
Ajuda. Eles têm que aprender um pouco e espero que quando eles aprenderem mais, nós também tenhamos criado competências de como ser governo. A medida que eles forem melhorando em ser oposição, nós vamos melhorando em ser governo. E aí talvez nós também vamos poder dificultar a oposição.
Esse foi um ano sem dinheiro, 2016 também será um ano difícil, como ser governo com tantas dificuldades?
Dinheiro é fundamental para qualquer administração. Mas mais do que dinheiro, é a sinceridade, a transparência, e mostrar à sociedade onde estão as faltas. Eu espero que 2016 não seja tão sem dinheiro como este ano.