Revertendo expectativas, a Olimpíada, maior evento esportivo do planeta, não será capaz de dar impulso à economia brasileira em 2016. Esta é a opinião de especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. O fato do evento estar limitado praticamente à cidade do Rio de Janeiro, a recessão e o impasse político em Brasília, impedem que a onda de otimismo típica do evento e o legado de infraestrutura sejam catalisados pelos agentes econômicos para atenuar a crise. Em relatório publicado no início de dezembro, o banco Credit Suisse lembra que os efeitos da Olimpíada no Produto Interno Bruto (PIB) do país-sede são limitados. Ainda assim, com base nos dados das 14 cidades que receberam o evento desde 1960, a média de crescimento é de 6,1% dos países-sede nos anos dos jogos, comparada a uma média de 5,5% nos três anos anteriores e de 5,1% nos três anos após a Olimpíada. “O crescimento maior para o ano dos Jogos Olímpicos é parcialmente atribuído à aceleração dos investimentos das cidades-sede”, diz o relatório, no qual o banco estima que a economia brasileira vai ter retração de 3,5% em 2016. Na opinião de João Saboia (foto), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a simples realização da Olimpíada representa “muito pouco” para reverter a falta de confiança na economia brasileira. “Não vejo a Olimpíada como uma causa que possa tirar o país do buraco”, diz. Mais otimista, o professor Lúcio Macedo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ressalta que a Olimpíada deve atrair 400 mil turistas e que o evento ajuda na profissionalização dos serviços na cidade. Macedo ressalta que a Olimpíada pode ajudar a melhorar a imagem do Brasil no exterior e funcionar como um impulso em um ano que se desenha complicado no clima político.