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Foi assim desde sempre

Paulo César de Oliveira
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Aos poucos a atividade política, aquela de cocheira que não entra em recesso, vai ganhando ritmo. Sem suas chamadas bases, no contato mais direto com seus eleitores isto, claro, aqueles que não foram ou já voltaram da praia, os parlamentares vão sentindo o pulso do povo e relacionando as necessidades mais urgentes que precisam atender, de olho nas eleições municipais deste ano. É a “listinha” do que precisam para ser apresentada ao governo em troca do apoio no Congresso e no Senado. E não imaginem que isto seja diferente nas Assembleias e nas Câmaras Municipais. Como não temos partidos que agrupem correntes ideológicas, mas apenas conveniências momentâneas ou não, é desta forma que a roda gira. E numa cumplicidade, às vezes envolvendo também o Judiciário e, porque não o Ministério Público, onde todos se lambuzam, para usar uma expressão que o ministro Jacques Wagner recolocou nas manchetes, ao admitir que o seu partido, o PT, também entrou na orgia que dizia tanto combater. É assim, no toma lá, dá cá, que as coisas funcionam na nossa política. Foi assim, é assim desde sempre. Em seu “1889”, o escritor Laurentino Gomes (foto), na análise que faz dos fatos que levaram ao fim da monarquia e a Proclamação da República no Brasil, relata o uso da velha prática de conquista de apoios políticos. Só que à época, em vez de empregos no serviço público para parentes e amigos de políticos, ou direito a participação nas falcatruas com estatais, o governo usava a concessão de títulos de nobreza para conquistar apoios. Os barões, condes, baronesas e duquesas surgiram aos borbotões, dependendo do tamanho da crise políticas. Eram mais modestos os antigos. E custavam bem menos. O governo, tudo indica, usou o silêncio do recesso para fazer seus acertos. Tanto que hoje, fala com muita confiança que tem mais votos do que o necessário para impedir o prosseguimento do processo de impeachment. Pode estar blefando? Pode. Mas nada indica que esteja. Parece que já fez os acordos (seriam acertos?) antes que as listas aumentassem muito com a visita à bases.

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