O vice-presidente Michel Temer (foto) ouviu ontem em Belo Horizonte, ao passar com sua caravana, queixas em relação ao governo federal e do tratamento dispensado ao PMDB. Mas, para ele, tudo tem seu tempo certo e “o tempo do PMDB é agora. Não para assumir o governo, mas para aumentar a sua força aumentando o número de prefeitos. Uma prévia para 2018, quando aí, sim, o PMDB pode deixar de ser o partido que garante a governabilidade para se tornar governo. O que precisamos ter é a presidência da República em 2018”. Segundo Temer, “o verbo hoje não tem sido suficiente,” ao reclamar que as propostas apresentadas por ele à presidente Dilma, no documento “Uma ponte para o futuro”, até o momento, não foram acolhidas pelo governo. Mesmo evitando críticas ao governo, mandou um recado: “Dizer que o PMDB não tem poder político, tem. Nós temos novos prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais, senadores, a Presidência da Câmara, a Presidência do Senado, modestamente a vice-presidência da República, nós temos poder político. O que nós precisamos é ter a Presidência da República em 2018”. Antes de sair do encontro, Temer falou da vontade de usar as palavras escritas na bandeira de Minas para inspirar a sua caravana: “uma das bandeiras do PMDB poderia ser Libertas Quae sera Tamen”. O governador Fernando Pimentel e o secretário de governo, Odair Cunha, estiveram na base aérea, na Pampulha, para receber o vice-presidente Michel Temer.
Segurança e manifestantes à distância
Um forte esquema de segurança, envolvendo policiais federais, militares e até do Exército, garantiram a tranquilidade do vice-presidente Michel Temer, no encontro com os peemedebistas mineiros. Para ter acesso ao local do evento, era necessário passar por um cerco, monitorado por seguranças da vice-presidência. Do lado de fora do Hotel Mercure, um pequeno grupo protestava e defendia o impeachment da presidente Dilma, ao lado de militantes do PMDB carregando as bandeiras do partido e colaborando para deixar o trânsito da avenida do Contorno ainda mais complicado. Foi-se o tempo em que os políticos podiam caminhar tranquilamente pelas calçadas cumprimentando a população. Os tempos são outros. Todos procuraram passar anônimos pelo povo. Dentro do auditório estavam deputados estaduais, federais, prefeitos, vereadores e assessores parlamentares, convocados parra ajudar a encher o auditório.
Moreira Franco disse que PMDB é um reflexo da sociedade
O ex-ministro da Secretaria da Aviação Civil, Moreira Franco, disse ontem, em Belo Horizonte, que a posição do PMDB no Congresso Nacional em relação ao impeachment reflete a opinião nacional. Se as pesquisas indicam 60% a favor e 40% contra, essa é também a opinião do partido. E emendou que esta posição não é sólida e por isso fica difícil falar como o partido vai tratar o assunto. Para o ex-ministro, o país vive uma das suas piores crises de sua história e as medidas tomadas até agora não são adequadas. Na sua opinião, o programa apresentado pelo PMDB não foi tratado de maneira adequada. Não houve, segundo ele, qualquer pronunciamento do governo em relação ao documento.O partido quer levar essas propostas diretamente para a população, segundo ele, para que ela entenda porque o Brasil está convivendo com o desemprego, com a inflação, a instabilidade social e a perda de conquistas. A ideia é a de unificar o discurso para as eleições municipais. Moreira Franco e o ex-ministro Eliseu Padilha acompanharam o vice-presidente Michel Temer em sua caravana pela capital mineira.
Newton Cardoso disse que nunca viu um governo tão podre e cheio de ladrões
O ex-governador Newton Cardoso não poupou críticas ao governo federal, no encontro do PMDB mineiro com o vice-presidente Michel Temer. “Nunca vi um governo tão podre como esse, tão irresponsável e cheio e ladrões”, disparou em seu discurso, para a alegria dos peemedebistas presentes, que o aplaudiram entusiasmados. Para Newton Cardoso, o governo está perdido. Em Minas, segundo ele, o que salva o governo é a aliança com o PMDB.
Antônio Júlio diz que presidente Dilma faz marketing político com mosquito da dengue
O presidente da Associação Mineira de Municípios, prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio, disse que a presidente Dilma está usando o mosquito da dengue para fazer marketing político. Ele considera que o governo desrespeitou o PMDB ao não comunicar a vinda do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no sábado, quando o vice-governador Antônio Andrade estava respondendo pelo governo. “É um desrespeito para com o PMDB. E o pior, ainda fazem marketing político em cima de doença”, ao criticar a forma como o governo federal atuou na campanha de combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, da zika e da febre Chikungunya. Ele cobrou uma reação do PMDB, que segundo Antônio Júlio, “fica em silêncio, não reage.” O prefeito fez críticas também a “classe política que se acovarda “ ao se referir a atuação do juiz federal Sérgio Moro e das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, no que denomina de “golpe da toga”.