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A versão dos fatos

Paulo César de Oliveira
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Em política mais vale a versão do que o fato. E a versão que corre é a de que o agora ex ministro da Justiça do governo Dilma, José Eduardo Cardozo (foto), deixou o cargo por não suportar pressões do ex presidente Lula e de militantes do PT. O ministro, segundo as versões que correm em Brasília, vinha sendo pressionado para que impusesse restrições à Polícia Federal nas investigações da Operação Lava Jato. O objetivo era blindar Lula, contendo as investigações que a cada dia ,deixam mais evidente o seu envolvimento com os malfeitos na Petrobras e em outros setores do governo. Os petistas contestam a versão, afirmando que Cardozo já havia manifestado desejo de deixar o cargo que ocupava, desde o primeiro mandato da presidente Dilma. Seu pedido de demissão, alegam os petistas, acabou dando à presidente a oportunidade de colocá-lo na Advocacia Geral da União- AGU, de onde o titular Luis Adams também queria sair, por causa de projetos pessoais. Na AGU Cardozo cuidará da defesa da presidente Dilma nos processos de impeachment e de impugnação da chapa com Temer, por irregulares na campanha, processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral. As últimas etapas da Operação Lava Jato aumentaram as suspeitas de uso de recursos desviados da Petrobras na campanha da petista e do peemedebista, preocupando a presidente que teria, então, optado por colocar o seu ministro à frente da tarefa de defender seu mandato.

 

Reações contra a mudança

Mas apesar das explicações, ou tentativas de explicações dos petistas, a demissão de José Eduardo Cardozo, do Ministério da Justiça, aumentou a tensão política. E acabou valendo a versão. Ontem a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ANDPF) divulgou nota em que os policiais afirmam que receberam “com extrema preocupação” a saída de Cardozo. Os delegados afirmam que “defenderão a independência funcional para a livre condução da investigação criminal e adotarão todas as medidas para preservar a pouca, mas importante, autonomia que a instituição Polícia Federal conquistou”. ANDPF encerra a nota afirmando que “ permanece compromissada em fortalecer a Polícia Federal como uma polícia de Estado, técnica e autônoma, livre de pressões externas ou de orientações político-partidárias”. Manifestações de outros segmentos da PF, da oposição e até mesmo de juristas, estão sendo esperadas para hoje. O escolhido para substituir Cardozo é indicação do ministro Jacques Wagner, da Casa Civil. Wellington César Lima e Silva foi Procurador-Geral de Justiça da Bahia por dois mandatos, durante o governo de Jacques Wagner. Agora assume o cargo sob suspeita de que tenha sido escalado para controlar a autonomia da Polícia Federal, numa tentativa de abafar a Lava Jato. Esta é a versão. O tempo mostrará se é apenas uma versão ou se é realmente um fato.

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