Que precisamos de uma faxina no país, banindo corruptos públicos e privados, não resta dúvida. A usina de escândalos em que se transformou o Brasil exige mesmo uma esmiuçada em tudo que é suspeito ou que possa vir a ser . Mas a sensação que se tem é a de que vamos agindo como o elefante que, na busca pelo rato, destrói toda a floresta. A verdade é a credibilidade de nossas instituições, de nossas empresas, está sendo derretida no fogo das denúncias e dos malfeitos. “Mas é preciso apurar tudo, ir fundo nas investigações, na base do doa a quem doer”, dirão os indignados. É mesmo, é preciso apurar e punir. Não deixando pedra sobre pedra no mundo da corrupção e da má gestão. Mas é possível fazer isto sem destruir o que não está carcomido? Esta é a grande questão, pois nosso futuro político vai depender muito do que vier daí. A descrença geral, o desprezo a tudo, se vier “daselite” então nem se fala, aduba o terreno, tornando fértil a terra onde vão, inevitavelmente, crescer os discursos messiânicos, dos salvadores da pátria. Uma história que já conhecemos e que o país viveu em vários momentos de sua política. Se o campo é fértil para novos messias, é estéril para o surgimento de lideranças reais. Não temos, até agora, alguém com um perfil que possa entusiasmar nosso povo. Tampouco temos um povo com maturidade para compreender que precisamos de um líder que fale a verdade. Alguém como Churchill na Inglaterra da Segunda Grande Guerra que chegou ao poder prometendo apenas “sangue, suor e lágrimas”. Pois serão estes os ingredientes de uma luta verdadeira para a superação da crise e a tomada, não a retomada, de um caminho firme de desenvolvimento consistente e com justiça social. Infelizmente nos fascinamos rapidamente por aqueles que em vez de proporem a construção de um caminho firme, nos apresentam atalhos, a princípio com paisagens maravilhosas mas que terminam no meio do cipoal e à beira do abismo.