Senhores, e quando vamos discutir o conteúdo? Esta é a pergunta que precisa ser respondida com maior urgência. Passamos, de uns tempos para cá, a discutir a periferia dos fatos. Se são válidas estas ou aquelas provas. Se houve excessos, se corremos ou não riscos de vivermos uma “ditadura da toga”, se vai ou não haver golpe. Tudo isto alimentado pela ignorância de uma maioria, que não conhece, que nunca leu a Lei de Responsabilidade Fiscal, sobre a qual se assenta a discussão do impeachment, e a esperteza de alguns que, a pretexto de defender tecnicamente o processo conduz , sorrateiramente, o debate para o campo político. Como? Apenas como exemplo, quando alegam que para se punir a presidente(a) pelas pedaladas, seria necessário que se punissem mais de uma dezena de governadores que também infringiram a lei. Isto é politizar o debate passando ao largo do tema principal. Mas afinal, por necessidade extrema, como pagar o Bolsa Família, comprar comida para as aves do Planalto ou quitar os cartões corporativos, ela burlou a lei? É isto que estamos deixando de discutir: o principal, o essencial. Na busca desesperada de preservação política, de garantia de manutenção de privilégios ou mesmo de se chegar ao Poder, estamos arrastando para a lama as instituições da República. Obrigando ministros a expor, pela mídia, opiniões que mais tarde terão que colocar nos processos. São forçados a entrar numa briga para dizer ao país que não é golpe tirar do Poder quem nele não soube se comportar. A dizer que o Judiciário, o Ministério Público e até mesmo o Legislativo não querem dar golpe. Querem simplesmente cumprir a lei, interpretando-a da maneira mais livre possível. Os que querem a guerra, estejam de que lado estiverem, são os que não têm argumentos capazes de sustentar uma defesa. Ou um ataque.