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Começam as 48 horas que vão decidir o futuro de Dilma

Paulo César de Oliveira
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O Diário do Legislativo publica hoje o resultado da votação ontem, na Comissão Especial do Impeachment, do pedido de impedimento da presidente Dilma (foto). Por 38 votos a favor e 27 contra, foi aprovado o relatório do deputado Jovair Arantes, do PTB de Goiás, favorável ao prosseguimento do processo. Com a publicação do resultado da votação, começa a ser contado o prazo de 48 horas para que o pedido seja apreciado em plenário onde os oposicionistas precisam de 382 votos, dos 513 parlamentares, para que o pedido seja enviado ao Senado, que dará a palavra final sobre o impeachment da presidente. Ontem, após o término da sessão, os oposicionistas comemoravam o resultado que, para eles, ficou acima das expectativas. Eles contabilizavam 34 votos pela aprovação do relatório e conseguiram 38. Mas a situação comemorava também, mesmo tendo perdido. Segundo o ministro Jacques Wagner, da chefia do Gabinete Pessoal da Presidente, os 27 votos obtidos pelo governo ficaram dentro da margem mínima projetada. Segundo ele, a projeção do governo era de obter uma votação entre 27 e 32 parlamentares. Considerando o número obtido e de quem estes votos vieram, o ministro garante que o governo tem assegurado 213 apoiadores em plenário, número mais do que suficiente para barrar o andamento do processo. Mesmo demonstrando otimismo, o ministro foi ácido nas criticas do vice-presidente Michel Temer, a quem chamou de conspirador por causa do áudio que vazou nas redes sociais em que ele fala como presidente, considerando a aprovação final do impeachment. Hoje situação e oposição deixam de lado comemorações e lamentações e iniciam um árduo trabalho de arregimentação de votos para o julgamento em Plenário que terá início na sexta-feira, com previsão de término no domingo. As dez horas de duração da reunião de ontem da Comissão do Impeachment, a radicalização das falas dos dois lados, deixaram claro que a disputa em plenário está aberta e será bem difícil. O governo, além começar a cabalar votos, agora com mais intensidade, estuda a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão da comissão, alegando nulidade do relatório e de cerceamento em seu direito de defesa.

 

Áudio de Temer: deslize ou proposital?

O áudio divulgado ontem pelo vice-presidente Michel Temer a parlamentares do PMDB, em que fala como se o impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados, gerou uma série de interpretações. Além de afirmar que “quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa como a autorização do impeachment” em outro ponto ele diz que “muitos me procuraram para que desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira, o que faço agora com muita modéstia, cautela, moderação, mas também em face da minha condição de vice-presidente e também como substituto constitucional da senhora presidente da República”. Temer fala ainda em governo de salvação nacional, em colaboração de todos os partidos, em retomada do crescimento econômico e manutenção dos programas sociais, inclusive o Bolsa Família. A interpretação de que o vazamento seria proposital surgiu com o fato dele reiterar, na fala, que apesar de muito dizerem que se houver o impeachment quem assumir acabará com o Bolsa Família, ele será mantido. A afirmação sobre o fim do programa é falsa, assegura o vice-presidente. A assessoria de Temer assessoria alegou que se tratava de um exercício enviado indevidamente a alguns peemedebistas. Para muitos analistas, não há nada de acidental nesse vazamento. O “discurso da vitória” tem quase 14 minutos.

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