O chamado presidencialismo de coalizão, vigente no Brasil, está completamente exaurido e um dos grandes responsáveis por seu esgotamento é o próprio PT, disse o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), que defendeu uma reforma célere do atual sistema político, em entrevista ao programa Espaço Público, da Tv Brasil. “Naturalmente que temos que reformar esse sistema, porque da forma como nós vivemos hoje, esse modelo está inteiramente esgotado”, afirmou o senador que admitiu que o partido perdeu a oportunidade de aprovar mudanças importantes quando tinha mais apoio no Congresso: “no momento em que nosso partido era mais forte, tinha maior base de sustentação na sociedade e no Congresso, nós evitamos fazer essa mudança”. Para Costa (foto), a eleição de um presidente sem garantia de maioria em um Congresso com dezenas de partidos resulta em negociações políticas pouco republicanas. “O PT facilmente se amoldou a esse desenho, preferiu se enquadrar nas formas de fazer política que já existiam a insistir em uma nova maneira, sobretudo no que diz respeito à constituição de uma reforma política”, disse.
Se conseguirem sobreviver, PT e Dilma vão precisar repensar o comportamento
Na entrevista, Humberto Costa admitiu ainda que cabe a seu próprio partido e ao governo petista boa parte da culpa pela crise política vivida agora, devido a insistência em erros de condução política. “Nós não precisávamos ter chegado a isso, nós tínhamos ampla condição de, pelo diálogo político, não precisar viver a situação em que hoje estamos, lutando para termos 200 votos”, disse Costa. “Cometemos muitos erros, falhamos em manter esse diálogo permanente, erramos na relação com o Congresso Nacional, erramos na relação com nossa base social”. Para o senador, no entanto, a saída para a crise política não é o impeachment ou novas eleições, mas respeitar o resultado das urnas de 2014. Humberto Costa acredita, que caso sobreviva, tanto Dilma como o PT terão que mudar. “Independentemente do que venha a acontecer no próximo domingo, o PT precisa se reformar, se modificar, ter uma nova maneira de fazer política”, disse Costa, em referência ao processo de impeachment de Dilma no plenário da Câmara, previsto para ter a admissibilidade votada no domingo (17).
Secretários voltam à Câmara dos Deputados para ajudar a presidente Dilma
Os secretários de Governo, Odair Cunha e de Ciência e Tecnologia, Miguel Correia Jr, ambos do PT serão exonerados pelo governador Fernando Pimentel e retornam à Câmara dos Deputados para reforçar na votação contra o impeachment da presidente Dilma. O mesmo está acontecendo em outros estados, onde petistas ocupam cargos na administração estadual. A votação no plenário da Câmara vai acontecer no domingo.
Deputados passam a divulgar voto a voto seus posicionamentos em relação ao impeachment
Parece que a divulgação dos posicionamentos individuais em relação ao impeachment da presidente Dilma tem gerado retorno aos deputados federais. Alguns chegam a chamar a imprensa para divulgar, em entrevista, como pretendem votar. Foi o que fez ontem o deputado federal Newton Cardoso Júnior (PMDB), que declarou seu voto favorável ao impeachment. O líder da bancada, deputado Fábio Ramalho, acredita que seis deputados federais mineiros do PMDB votam juntos pelo afastamento da presidente Dilma.
Banco de apostas
Enquanto esperam o dia da votação em plenário do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), os deputados decidiram fazer um bolão. As apostas custam 100 reais e leva o prêmio quem acertar o placar de domingo. São autores da aposta os deputados do Solidariedade Paulino da Força (SP) e Carlos Manato, do Espírito Santo. Aderiram ao bolão apenas os deputados que fazem oposição ao governo. Os aliados da presidente Dilma, por sua vez, parecem não ter gostado da brincadeira.
