A presidente Dilma (foto) deu sinais claros de que está perdendo as esperanças de se manter no cargo e, mesmo que indiretamente, já admite ser derrotada neste domingo. Ontem, em conversa não programada com jornalistas, no Palácio do Planalto, ela afirmou que, se ganhar a guerra, vai propor um amplo pacto nacional, envolvendo todas as forças políticas do país, inclusive de oposição que, frisou, “existe”. “Se eu perder, sou carta fora do baralho”. A partir de hoje, a presidente vai desenvolver um esforço pessoal para a conquista de apoios, tarefa confiada ao ex-presidente Lula, que chegou a ser nomeado ministro da Casa Civil para ter mais poder de barganha, sem o sucesso esperado. Ao visível desânimo da presidente se contraponha o exagerado otimismo do ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo que, em entrevista, ontem, assegurou que o governo tem 200 votos, suficientes para “barrar o golpe” e assegurar a construção das bases de um novo governo. O otimismo do ministro contrastava com o desenrolar dos fatos, ontem. É que o PSD de Gilberto Kassab resolveu aderir ao movimento pró impeachment, por decisão da maioria da bancada que definiu também o desembarque do governo, com a entrega dos cargos, inclusive o ministério das Cidades, ocupado pelo presidente da legenda. Quem formalizou a saída do governo foi Gilberto Occhi, ministro da Integração Nacional, que renunciou ao cargo após seu partido, o PP, optar pelo desembarque do governo. Quem posou de leal ao governo Dilma foi o presidente do PDT, Carlos Lupi, garantindo que todos os parlamentares da legenda, vinte ao todo, votarão contra o impeachment. “Não somos ratos”, afirmou Lupi dizendo que o partido não deixa agora o navio de Dilma. Ele anunciou punição aos dissidentes. Enquanto cada lado procura assegurar os votos que afirma ter, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, reafirmou que a votação da admissibilidade do processo de impeachment, será mesmo na tarde de domingo, no plenário da Casa, conhecendo pelas bancadas do sul e terminando com as dos estados do nordeste. Já prevendo a vitória do impeachment, na Câmara e no Senado, o vice presidente Michel Temer protocolou ontem, no Tribunal Superior Eleitoral uma consulta para saber se ele pode ser punido por irregularidades que teriam sido cometidas unicamente pela presidente Dilma na campanha eleitoral. A chapa Dilma-Temer responde a quatro ações eleitorais por abuso de poder político, econômico, dos meios de comunicação, utilização de recursos ilícitos e fraude, na campanha de 2014. Até aqui o TSE tem entendido que eventuais crimes teriam sido cometidos pela chapa e a cassação da chapa atinge os dois. Temer está preocupado em ganhar o governo no Congresso e perder o cargo no TSE.
Mais uma entidade favorável ao impeachment
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) declarou apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em nota divulgada nessa quarta-feira, 13, CNT afirma que, “após ouvir as lideranças e sua base e por decisão da maioria, declara o apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff”. A entidade expõe ainda as razões pelas quais decidiu apoiar o impedimento. São elas, segundo a nota: “a incapacidade da presidente e do seu governo em solucionar a grave crise econômica que assola o País, com reflexos danosos ao setor transportador brasileiro e empregos; a incapacidade da presidente e do seu governo em promover melhorias na infraestrutura, notadamente na área rodoviária”. A CNT aponta ainda “a incapacidade da presidente e do seu governo na articulação política com o Congresso Nacional e, com isso, sem base de apoio, perdendo a autoridade para liderar o processo de reformas necessárias ao desenvolvimento do País; e a incapacidade da presidente e do seu governo em transmitir confiança e atrair investimentos nacionais e estrangeiros, essenciais para a retomada do crescimento do país, gerando insegurança jurídica”.