Agora é no voto. Os dois lados cantam vitória e, embora a situação pareça favorável aos que defendem o impeachment, há sempre a possibilidade dos acertos que a presidente Dilma (foto) e seus aliados têm tentado deste a quinta-feira, com mais intensidade, darem resultado. Seja com o voto escancarado contra o impedimento, seja pela ausência em plenário, estratégia que muitos já admitem seguir. Motivos para votar, ou deixar de votar, com o governo não faltam. A presidente, o ex Lula, ministros e lideranças petistas abriram as burras e estão negociando abertamente. De tudo, garante a oposição que chegou a apresentar uma queixa crime, na Policia Federal, acusando o governo de estar negociando cargos em troca de votos. No Ministério Público foi protocolada uma denúncia contra o ex presidente Lula e até uma “busca e apreensão” nos apartamentos que ele ocupa em um hotel de Brasília foi solicitada. No Diário Oficial de ontem, sinais de que a oposição não está tão errada em suas suspeitas. Uma baciada de nomeações foi publicada e liberação de verbas vem sendo autorizada nestes dias de negociação. Os governistas não desmentem que isto esteja acontecendo, mas também acusam o vice Michel Temer de oferecer cargos num eventual futuro governo. Além de acusações de compra de votos, feitas por políticos dos dois lados, Dilma e Temer tiveram ontem um confronto direto que deixou claro as dificuldades que qualquer um deles terá para governar pós impeachment. Em busca de votos de parlamentares e de apoios dos movimentos sociais, Dilma gravou um vídeo divulgado nas redes sociais se defendendo, falando em golpe e acusando frontalmente o vice-presidente de pretender acabar com os benefícios sociais, inclusive com o Bolsa Família, caso assuma a presidência. Temer, que estava em São Paulo, voou para Brasília e, também através das redes, disse que as acusações de Dilma eram “mentiras rasteiras”, assegurando que os programas continuarão em seu governo. Os chamados debates parlamentar ocuparam todo o dia de ontem o plenário da Câmara. Falou o parlamentar que desejou buscar seu “minuto de fama”, como o mineiro Weliton Prado, que deixou o PT para se r filiar ao Partido da Mulher Brasileira. Como é o único parlamentar da legenda, usou os sessenta minutos destinados a cada partido para falar. E falou, e falou, sem despertar a atenção nem dos poucos parlamentares que ficaram em plenário. Para evitar as falas sem sentido, os pró impeachment decidiram abrir mão de parte do tempo destinado a eles. Sessenta parlamentares abriram mão do tempo, para que a sessão de votação comece às 14 horas de hoje, como programado. Cada um dos 513 deputados terá dez segundos para, no microfone, declarar seu voto. Votam todos os presentes, inclusive o presidente Eduardo Cunha cujo voto os petistas tentaram cassar no STF que não aceitou o pedido. Outro pedido recusado pelo Supremo ontem foi da CUT que queria ter acesso ao plenário na hora da votação. Agora é esperar para saber quem tem a conta certa dos votos.