Um discurso que preocupa

A preocupação desta sexta-feira é com o discurso que a presidente Dilma (foto) fará hoje, na sede da ONU, na cerimônia de assinatura, pelos Chefes de Estado do Acordo de Paris, documento que fixa metas para a preservação do clima. A presidente viajou na manhã de ontem, com a disposição de utilizar a tribuna da ONU para denunciar o que chama de “golpe contra o seu governo”. Dilma acabou convencida, por lideranças petistas, a não usar os seus cinco minutos na tribuna para ataques contundentes contra seus adversários. Ela deverá fazer apenas citações sobre o processo de impeachment que enfrenta no Congresso, deixando o confronto mais aberto para as entrevistas que, certamente, concederá durante sua permanência, até domingo, nos Estados Unidos. A proposta da presidente de buscar apoio internacional para sua permanência tem recebido críticas. Os ministros do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, Dias Toffoli e Gilmar Mendes consideram um grave erro da presidência se posicionar como vítimas de um golpe, lembrando que o processo de impeachment está seguindo rigorosamente o que determinam as leis e a Constituição. Ocupando interinamente a presidência com a viagem de Dilma, o vice Michel Temer afirmou, em entrevista à agência de notícias Dow Jones que falar em golpe, prejudica a imagem do país no exterior. “Cada passo do impeachment está de acordo com a Constituição. Como isto poderia ser chamado de golpe”. Temer viajou ontem para Brasília. Ele pretendia passar os dias de interinidade em São Paulo, mas foi desaconselhado pela sua segurança depois que manifestantes foram para a porta de sua casa acusando-o de golpista. Ele não deve se encontrar com a presidente no domingo. Retorna a Sáo Paulo tão logo o avião da presidente Dilma entre no espaço territorial do país. Mas até domingo terá reuniões para articular apoios caso venha a assumir a presidência com o afastamento de Dilma.