O presidente interino Michel Temer (foto) faz nesta manhã a primeira reunião de sua equipe de 24 ministros- nenhum mineiro- representando onze partidos. A formação do grupo buscou assegurar a governabilidade, um dos assuntos abordados pelo presidente ontem, em seu primeiro discurso no cargo. Temer disse que para aprovar as reformas necessárias, vai precisar do apoio e a compreensão do povo e de uma sintonia entre o Parlamento e o povo. Ele defendeu a implantação de uma governança eficiente, naquilo que chamou de “democracia da eficiência” para que o Estado tenha condições de oferecer à população serviços de qualidade nas áreas que lhe cabe, com destaque para a saúde que, entende o novo presidente, precisa ser retirada do caos. O discurso de Temer procurou agradar a todos os setores. Sem citar a presidente afastada, nem buscar responder as acusações dos petistas, assegurou que todos os programas sociais “que deram certo” serão mantidos, podendo até serem incrementados. Alfinetou, de forma discreta seus opositores, dizendo é que preciso dar um fim na cultura brasileira de cada novo governo negar as realizações do antecessor e, muitas vezes, acabar ou descaracterizar programas que vinham dando certo. Quando a retirada de direitos de trabalhadores Temer lembrou de sua formação jurídica para assegurar que não há planos de retirar direitos, admitindo, porém, que tem especial preocupação em manter as condições para que a Previdência continue pagando os benefícios dos aposentados. Seu cuidado maior, ressaltado no discurso, será com a retomada do crescimento, com controle da inflação, para que o país volte a gerar empregos para atender o mais rapidamente possível, a massa superior a dez milhões de trabalhadores que hoje não tem condições de sustentar a família por estar desempregada. Para isto, o novo presidente quer a participação da iniciativa privada – que entende englobar empreendedores e trabalhadores- em parcerias com o governo, sinalizando que o seu expandirá as Parcerias Público Privadas e fará concessões e privatizações, reduzindo a presença direta do Estado na atividade econômica. Garantiu também o aperfeiçoamento dos instrumentos de controle do Estado para evitar desperdícios e corrupção, afirmando que dará todas as condições necessárias para o prosseguimento da Operação Lava Jato. No discurso ele sinalizou também mudanças na política externa e, sem fazer citações de nomes ou grupos, conclamou a unidade de todas as forças políticas, em torno de um projeto de recuperação do Brasil. Hoje ele deverá dar mais detalhes do que pensa para o país. Por enquanto, quer apenas que o povo esqueça a crise. E trabalhe.