A situação das contas públicas brasileira é pior do que o novo governo imaginava. Numa análise superficial, no primeiro dia de trabalho, a equipe do presidente Michel Temer (foto) já descobriu que o déficit deste ano será superior- o quanto não se sabe ainda- aos R$ 96 bilhões estimados pela presidente Dilma. Diante do que viu, o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, que terá ainda sobre seu controle a Previdência, já admite a elevação da carga tributária com a instituição de um novo imposto. Até por isso, pelo menos por enquanto, diz o ministro, o governo não pensa em retirar do Congresso a proposta de restabelecimento da CPMF,tributo que, se adotado, será provisório. Ontem, em sua primeira entrevista, como novo responsável pela economia, Meirelles garantiu que “a prioridade hoje é o equilíbrio fiscal, isto é, a estabilização do crescimento da dívida pública. Não há dúvida de que, caso seja necessário um tributo, ele será aplicado, mas será certamente temporário”. Outra prioridade do ministro é a Previdência que, na sua opinião, precisa encontrar o equilíbrio financeiro e se tornar autossustentável. “Mais importante do que alguém saber o valor da aposentadoria é garantir que ele vai receber a aposentadoria. A Previdência tem de ser autossustentável ao longo do tempo. Equilíbrio fiscal é fundamental”, salientou o ministro. Este posicionamento da equipe econômica provocou a primeira reação da base de Temer. O deputado Paulinho da Força, um dos primeiros a apoiar o impeachment de Dilma, considerou “estapafúrdias” as propostas sobre reformas na Previdência, anunciando que haverá resistência dos trabalhadores. Outra medida polêmica tratada superficialmente por Meirelles na entrevista foi uma revisão nos programas sociais. Ele não anunciou cortes, mas reforçou que é preciso uma “avaliação bastante forte e bastante cuidadosa”. Para ele, “o fato de se manter um programa social não quer dizer que se possa manter o mau uso”. Na segunda-feira o ministro anuncia o nome do presidente do Banco Central e começa a escolher os nomes dirigentes dos bancos estatais. Todas as escolhas passarão pelo crivo de Meirelles. Outro ministro a abordar a questão do ajuste das contas foi o do Planejamento, Romero Jucá, que anunciou o corte, até o final do ano, de quatro mil cargos de confiança e funções gratificadas na estrutura do governo. Ele admitiu que este corte não resolve o problema do déficit público nem dos gastos do governo, mas é uma sinalização à sociedade do que se pretende realizar. Participaram da coletiva também o ministro da Saúde, Ricardo Barros que admitiu ter ainda pouca informação sobre a pasta, mas assegurou prioridade no combate ao mosquito aedes aegypti e o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, que repassou a determinação do presidente Temer aos seus auxiliares de todos os escalões: o retrato da presidente afastada Dilma Rousseff, deverá permanecer na parede até que se tenha solução definitiva sobre o seu impedimento.