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Primeira das últimas sessões do impeachment foi pior do que se imaginava

Paulo César de Oliveira
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Já se previa uma sessão tumultuada, com baixarias e que em nada acrescentaria ao processo de impeachment da presidente Dilma. Aquilo que se previa ruim, foi ainda pior. A gravação de um documentário sobre a presidente afastada e o processo, que se quer apresentar como golpe, transformou os senadores ligados a Dilma em atores. E foi como tal que agiram, procurando criar situações e falas para serem utilizadas no documentário. E tome falação e provocação que acabou surtindo efeito, irritando os governistas que entraram na briga, fazendo o papel de bandidos na luta contra os “mocinhos” dilmistas. E neste bate-boca sobrou material para, se alguém desejar, provocar o Conselho de Ética da Casa. Gleisi Hoffmann, por exemplo, falou em alto e bom som que o Senado não tinha moral para cassar o mandato da presidente. Numa resposta, em tom mais moderado, Ronaldo Caiado, disse que não há, entre os senadores governistas, ninguém acusado de tirar dinheiro de aposentado, numa alusão à denúncia contra o ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora, de fraude nas operações de empréstimo consignado. Caiado protagonizou um bate-boca também com o petista Lindberg Faria, da tropa de choque dilmista, sugerindo que ele deveria passar por um exame antidoping. O tom do que seria a sessão, que nas suas primeiras quatro horas mostrou apenas baixaria, já tinha sido sinalizado por Lula que, ao participar, no Rio, de ato contra um suposto movimento para a privatização da Petrobras, afirmou que estava começando “a semana da vergonha nacional com a tentativa de impeachment de Dilma”. Ao contrário de Lula, o presidente interino Michel Temer, que vem trabalhando para conquistar votos a favor do impeachment, se mostrou tranquilo. Ao final da cerimônia, no Palácio do Planalto, que marcou o revezamento da Tocha Paralímpica, Temer assegurou que não estava nem ansioso, nem nervoso com o início da fase final do processo de impeachment. “É uma coisa tão natural da democracia”, disse o presidente. Quem conseguiu manter a calma também foi o Procurador da República junto ao Tribunal de Contas da União, Júlio Marcelo de Oliveira (foto), arrolado como testemunha, mas que, a pedido do advogado José Eduardo Cardozo, da defesa, prestou depoimento como informante. Ele foi bombardeado pelos petistas, em especial por Gleisi Hoffmann, que o acusou de ter agido politicamente ao denunciar as irregularidades praticadas por Dilma. Seguro o procurador rebateu a acusações e garantiu não ter agido politicamente. “ Em 2010 eu votei na presidente Dilma mas agi, por dever de ofício, denunciando as irregularidades que constatei”. O depoimento do procurador durou sete horas, sem acrescentar novidades. Logo após foi iniciado o depoimento do auditor fiscal de controle externo do TCU, Antônio Carlos Costa D’ Ávila Carvalho, a outra testemunha apresentada pela acusação. A defesa indicou oito testemunhas que serão ouvidas em sessões que, provavelmente só terminarão no domingo.

 

Dilma é intimada

 O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, enviou ontem à presidente Dilma Rousseff um mandado de intimação para que ela deponha na sessão do Senado na segunda-feira, no julgamento final do processo de impeachment. No documento o magistrado ressalta que a petista não é obrigada a comparecer ao julgamento. Mas a presidente já garantiu que estará no Senado para se defender. Ontem o líder do PT, senador Humberto Costa, anunciou que o ex-presidente Lula também estará no Senado na segunda-feira, em apoio à presidente Dilma, Lula não irá ao Plenário. Assistirá a fala da presidente do gabinete de um dos senadores petistas. Dilma e Lula deverão se encontrar próximo ao Plenário para registro no documentário encomendado pelo PT.

 

Um processo longo demais

A classe produtiva brasileira acompanha com ansiedade o julgamento final da presidente Dilma Rousseff no Senado. Para muitos empresários, o processo de impeachment se estendeu demais e o custo para a economia está sendo muito alto. O fechamento de empresas e os ajustes com consequente corte nos postos de trabalho, vão aumentar ainda mais o índice de desemprego até o final do ano em decorrência desse processo. O presidente da Fiemg, Olavo Machado, esteve em Brasília nos últimos dias, percorrendo os gabinetes de senadores e deputados e pode sentir o clima de tensão no Congresso Nacional. A expectativa é a de que o presidente interino Michel Temer assuma de fato a presidência na semana que vem e comece a tomar as medidas necessárias para criar regras claras para atrair novos investidores. Aliás, representantes do setor produtivo aguardam com ansiedade a primeira viagem internacional de Temer para a China, que pode render muitos frutos para a economia brasileira, inclusive para a indústria mineira.

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