Que tamanho terá o PT que sairá das urnas em outubro? Esta a grande dúvida. Pelo que as pesquisas têm mostrado até agora, o partido está desidratando, perdendo espaço, nas maiores cidades. A curta ascendente dará, com certeza, lugar a uma curvas descendente que vai esvaziar mais um partido que chega ao poder, assim como aconteceu com o PSDB pós Fernando Henrique.
Os escândalos de corrupção, o desmoronamento de suas principais lideranças – leia-se especialmente Lula – e talvez mais fortemente a crise econômica que deixou sem emprego milhões de brasileiros, tirou o discurso da legenda. Chega a ser patético o esforço de alguns candidatos petistas em cidades de maior porte tentando arrumar o que falar aos eleitores. Em Belo Horizonte, por exemplo, o candidato Reginaldo Lopes inventou uma “cartinha” a Dilma, chamando-a de injustiçada e de exemplo de luta no qual se espelha nos momentos de pouca energia. O grito “fora Temer” parece ser a derradeira tentativa de mobilização da velha militância, aguerrida e não menos agressiva.
Até quando este discurso sustentará o partido? Qual a influência terá nas eleições municipais tão importantes para a formação da base de apoio para as disputas estaduais e presidencial? Só as urnas dirão mas é certo que, pelo quadro que se mostra, não teremos, este ano, um partido amplamente majoritário em termos de voto. O que se pode prever é a dispersão destes votos entre as dezenas de legendas que criaram neste país ao longo de um já saturado período de liberalidade política. E esta fragmentação, esta “sopa de letrinha”, não se enganem, em nada ajuda o país. Ao contrário, dificulta os debates e faz aumentar no mercado o preço dos apoiamentos aos governos, o que pomposamente se convencionou chamar de “governabilidade”. A se confirmar os resultados de pesquisas, os pequenos vão sair carregados de votos. E aí, como extingui-los, como criar cláusulas de barreira. Como, enfim, moralizar a vida político-partidária no Brasil?
Visão catastrófica? Não, realismo político. E um realismo com preocupações no presente. Com a disputa municipal e seus resultados previstos, teremos, inevitavelmente, uma radicalização do debate político, com as legendas tentando se reposicionar eleitoralmente. O PT e seus aliados mais próximos, como o PCdoB, já escolheram o tortuoso caminho das Diretas Já que todos nós sabemos não leva a nada, mas faz barulho. Tem ainda o caminho de ficar contra todas as reformas alegando que elas derrubam direitos conquistados a décadas, como um as aposentadorias com privilégios e as leis trabalhistas. É outra opção de barulho. Os da situação terão coragem de enfrentar, como necessário, de forma aberta este tipo de discurso? Pelo passado a turma é fácil dizer que não. Ficarão no silêncio que pode até preservar votos, mas arrebenta o país. Este é o quadro. Quem aposta contra?