Não vá apenas por obrigação. Voto é direito a ser exercido com seriedade

Os mais de 144 milhões de eleitores brasileiros acordam hoje com a obrigação de ir às urnas eleger prefeitos e vereadores em todos os municípios. É obrigação, mas deveria ser visto como um direito, e como tal, exercido em sua plenitude e com prazer. Talvez nas cidades de menor porte, o voto seja mesmo exercido como um direito, tal a proximidade entre candidatos e eleitores e a rivalidade entre grupos. Nas cidades maiores, no entanto, é para a esmagadora maioria dos cidadãos uma obrigação enfadonha, tal a descrença nos políticos, alimentada, diga-se de passagem, por muitos deles que, na propaganda eleitoral, fazem questão de negar esta condição. Orgulham-se de dizer que não são políticos, até que, vencendo, descobrem aquilo que já sabiam: não dá para governar sem fazer política. E não vai ser fácil fazer política nos próximos anos. A previsão é de que as Câmara Municipais, volto a destacar, principalmente nas cidades maiores, terão composição muito pulverizada e ninguém deve formar bancada forte. Afinal, serão mais de trinta partidos participando da eleição. Juntar tantos interesses para formar uma base política vai exigir muita conversa, muita paciência e a entrega de muitos cargos. Se as Câmaras Legislativas serão, se confirmadas as previsões dos próprios políticos, verdadeiras colchas de retalho, imaginem como serão os Executivos Municipais, com um balcão tão grande de negociações. É esta a realidade de nossa vida, em que os políticos, a cada dois anos, precisam agir como o cozinheiro obrigado a manter um olho na sardinha e outro no gato. A sardinha é a disputa atual. O gato a disputa futura. Perder uma pode significar derrota certa na outra. Antes de finalizar uma pergunta: qual será a influência da Lava Jato e outras operações nas disputas municipais deste domingo? Bom voto. E lembre-se que só com o voto vamos mudar o país. Portanto, não se sinta obrigado, hoje. Sinta-se no exercício de um direito.