A ética no governo Temer em análise, com Geddel no banco dos réus

O governo Temer enfrenta hoje um de seus maiores constrangimentos, entre os muitos que já viveu em seus poucos meses. A Comissão de Ética da Presidência da República examina se pedirá ou não, a abertura de processo contra o ministro Geddel Vieira Lima, acusado de prevaricação pelo agora ex ministro Marcelo Calero, da cota do PMDB do Rio de Janeiro. Qualquer que seja a decisão da Comissão de Ética o estrago no governo estará feito. Um dos homens fortes do governo Temer, Geddel é dos políticos à moda antiga, estilo “coronelão”, que tratora o que está à frente ou ao lado. Para ele, o poder é para ser exercido integralmente, dentro e fora dos limites da ética. Foi incorporado por Michel Temer que necessitava, e ainda necessita, de gente deste nível para o confronto com os seus opositores. Alem disto, teve que engoli-los, para manter a maioria dentro do PMDB. O ex governador de Minas, Hélio Garcia, ensinava que o governante não deve nomear quem não tenha como demitir. Geddel (foto), Padilha e Romero Jucá são desta lista, embora o último já tenha deixado o cargo para fugir um pouco do foco das denúncias de malfeitos. Mas agora já anda falando em voltar. Se não se demitirem, ficarão em seus cargos. Temer adoraria vê-los fora do governo, mas tem receio de tirá-los do cargo. Se Geddel sair, pressionado pelas denúncias, estará fazendo um favor ao governo, que já tem gente demais enrolada com a lei. Para melhorar a ética de seu ministério e agregar capacidade de briga, o presidente coloca Roberto Freire, do PPS, no lugar do politicamente frágil Calero. Com isto tem a certeza de que na Cultura, Geddel não se mete mais. Aliás, mesmo se ficar no cargo, o poderoso ministro da Secretaria de Governo perde um pouco de força. Terá ficado de favor. Prendeu o rabo.