Blog do PCO

A ociosidade na indústria brasileira

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE

O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira encerrou 2016 em 76%, o mais baixo já registrado desde 2003. A informação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou ontem os indicadores industriais relativos a dezembro do ano passado. “É indicativo de uma grande folga que existe na indústria. Há uma grande ociosidade no setor e isso é um limitador da retomada do investimento”, afirmou o gerente-executivo de Políticas Econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco (foto). O levantamento também indicou redução do poder de compra dos trabalhadores no fim do ano passado. A massa real de salários recuou 1,6% enquanto o rendimento médio real do trabalhador caiu 1,2% em dezembro na comparação com novembro. “A capacidade de compra está prejudicada não apenas pelo desemprego, como também pela inflação”, disse Castelo Branco. Por outro lado, dezembro registrou dados positivos em relação ao emprego e às horas trabalhadas na produção. Após 23 meses consecutivos de queda, o emprego cresceu 0,2% em dezembro ante novembro. No mesmo período, as horas trabalhadas cresceram 1%. De acordo com a CNI, foi o segundo aumento consecutivo das horas trabalhadas na produção. Nos últimos dois meses de 2016, o indicador acumulou crescimento de 1,8%.

 

No comércio problema é tamanho dos estoques

Já a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feita com seis mil empresas de todas as regiões do país, revela que 29,5% dos lojistas estão com estoques acima do adequado em janeiro deste ano, em relação ao mês anterior. Os estoques abaixo da programação adequada de vendas foram relatados por 14,7% dos comerciantes, o que significa que venderam além do que esperavam. Já para 55,1%, os estoques em janeiro estavam adequados, ou seja, venderam aquilo que estava programado. O restante da amostra (0,7%) disse não saber como estão os estoques ou não respondeu. A economista da CNC Izis Ferreira destacou que os 29,5% representam quase um terço da amostra. “É uma parcela significativa, uma vez que a gente já teve, por exemplo, cerca de 18% só de comerciantes reportando estoques acima do adequado”. Ela observou, porém, que essa parcela vem se reduzindo ao longo da série. Em abril de 2016, o volume de comerciantes que reportavam estar com estoques acima do adequado alcançou 34%, maior índice da série histórica iniciada em 2011. Segundo a economista, isso significa que, com a previsão de vendas menores, a proporção de comerciantes com estoques acima do adequado vem diminuindo em razão do ajuste que vem acontecendo. “As menores vendas fazem com que o comerciante invista menos em estoques e coloque uma lupa na rotatividade dos produtos nas prateleiras para fazer esse ajuste”.

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.