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Municípios não devem contar com melhoras este ano. Por isso é melhor prefeito se dedicar em tempo integral

Paulo César de Oliveira
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A crise econômica e as dificuldades dos prefeitos em manter as contas em dia acabaram pondo fim à disputa pela presidência da maior entidade municipalista do estado, a Associação Mineira dos Municípios. Os seis candidatos que disputavam a presidência da entidade desistiram do embate para construir um grande entendimento, que segundo o atual presidente da AMM, ex-prefeito de Barbacena, Toninho Andrada (PSB), foi costurado com o Palácio da Liberdade, os grupos no PMDB do vice-governador Antônio Andrade e do presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes e pela cúpula do PSDB. Se não houver nenhuma surpresa, a nova diretoria tomará posse em maio, durante o 34º Congresso Mineiro de Municípios. Mais do que as diferenças ideológicas, o que prevaleceu nesse caso foi a consciência de que a solução da crise no país depende da melhora da economia e que é preciso encontrar alternativas para que os municípios sobrevivam até que isto aconteça.

 

Como esse acordo foi costurado?

Eram seis candidatos e nós conseguimos, com muita conversa, chegar a uma chapa de consenso. Um dos principais pontos para esse acerto foi a necessidade de manter o trabalho realizado pela AMM. A entidade precisa ser forte, principalmente agora, com a crise. O bom senso prevaleceu e nós conseguimos reunir todos em uma chapa única. Nós também buscamos evitar uma disputa que acontecerá em 2018 e acabou prevalecendo a tônica do entendimento.

 

A classe política está muito desacreditada e o prefeito é o que mais sente essa rejeição. Esse cenário pesou também?

Acho que diante das dificuldades econômicas que o país atravessa, com os prefeitos passando por enormes apertos, porque é ele que lida com o problema concreto e real do cidadão, todo o inconformismo da população reflete diretamente nele. Por isso nós buscamos esse acordo, por entender que gastar energia e tempo em uma disputa como essa, com questões que não dizem respeito ao povo diretamente, é desgastante em todos os sentidos. Nós estamos falando de uma eleição em uma entidade. Não justifica o prefeito sair da sua cidade, viajar o estado inteiro, se dedicar a essa disputa, enquanto as necessidades do município são de urgência e dependem da presença dele lá, na cidade. O momento não está propício para isto. A população quer é responsabilidade, união, conjugação de esforços para tentar superar os problemas do seu dia a dia, que já são grandes demais.

 

Como ficou a composição. O PSDB terá dois cargos?

Dentro do acordo, o PSDB ficou com a segunda vice-presidência e a presidência do Conselho Fiscal. Como está tudo muito recente, não deu tempo ainda para o partido se reunir e decidir quais são os nomes. Mas ficou acertado que esses dois cargos serão ocupados por prefeitos do PSDB. O presidente é do PMDB, a primeira vice-presidência com o PSB e o PT indicou o tesoureiro. O primeiro secretário fica com o PMDB, o segundo secretário é do PR. A chapa conta com mais de 30 cargos das diretorias regionais que serão definidos ao longo da semana, de acordo com esse entendimento. Cada partido vai indicar uma cota para atender também as questões regionais.

 

O Palácio da Liberdade participou dessa negociação?

Participou. É o PT indicando o seu representante.

 

E o prefeito escolhido para assumir a presidência, é de qual grupo do PMDB?

O presidente prefeito de Moema, Julvan Lacerda, foi indicado por consenso entre o PMDB da ala do Toninho Andrade, pelo PMDB do Adalclever Lopes, com aceitação do Palácio e dos tucanos. Houve um entendimento geral. O nome atende a todas as correntes.

 

Qual o principal problema dos prefeitos com esta crise econômica?

São duas questões: a questão financeira e não há a menor dúvida de que a falta de dinheiro é o grande problema dos municípios. O segundo é a expectativa. Quando há uma mudança com o início de governo novo, cria-se uma expectativa na população de que as coisas vão mudar e vão mudar para melhor. Todo governo entra com essa credibilidade e esse é o grande desafio dos prefeitos. Em um cenário econômico muito desfavorável é muito difícil para um prefeito manter um ritmo acelerado de trabalho e talvez atender as expectativas. Ele tem que ter muita habilidade para poder mostrar que as dificuldades que está vivendo não são dele ali como prefeito, mas de um quadro nacional, que impõe um nível de restrição. Ele não é culpado pelo problema, ele é vítima também.

 

As prefeituras estão sentindo sinais de melhoria da situação econômica?

A melhoria virá para os municípios na medida em que houver crescimento econômico. Todos os números indicam que as coisas não estão boas. Se houver alguma melhora, algum avanço, será muito tímido e refletirá muito pouco em termos reais. O que pode acontecer são casos esporádicos como aconteceu com a repatriação dos recursos, quando veio um dinheiro extra. Eventualmente podem ocorrer coisas assim. Mas como regra, este não será um ano fácil.

 

E 2018, por ser um ano eleitoral, há expectativa dos municípios conseguirem mais recursos?

Essa questão tem que ter de onde tirar. Se a economia não melhorar, não vai ter de onde tirar. Se o governo quiser aumentar receita, terá que aumentar os impostos. Se isto acontecer, a crise deve aumentar, porque vai aumentar a sonegação, além de criar antipatia e revolta. A situação é muito delicada.

 

E qual o seu futuro político?

Vou disputar uma vaga de deputado estadual pelo PSB.

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