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Protesto contra a reforma da Previdência não entusiasmou população. Só os de sempre

Paulo César de Oliveira
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Dirigentes sindicais chegaram a anunciar que paralisariam Minas Gerais ontem, com milhares, talvez milhões de manifestantes, nas ruas da maioria das cidades do estado contra a reforma previdenciária. Não pararam Minas, não colocaram mais do que poucos milhares de cidadãos em protesto, a esmagadora maioria servidores públicos de todos os níveis. Nenhum setor da iniciativa privada aderiu aos protestos. Tudo funcionou normalmente, embora se possa dizer que alguns trabalhadores chegaram atrasados ao serviço em razão da paralisação do metrô. Por desrespeitarem uma determinação judicial para manter uma escala mínima, os metroviários terão que pagar uma multa de R$ 250 mil, isto se o sindicato não acabar perdoado, como sempre acontece. A frustração pela ausência de manifestantes ficou evidenciada na repetição pelas chamadas “lideranças sindicais e sociais” de que cento e cinquenta mil pessoas participaram do protesto. A informação plantada por Beatriz Cerqueira (foto), presidente regional da CUT e comandante do SindUte, não foi desmentida oficialmente, embora alguns veículos de comunicação falassem em trinta mil e, visualmente, tinha-se a impressão de, no máximo, dez mil presentes. Nos demais estados a situação não foi diferente: muito menos gente na rua do que previsto pelas lideranças do movimento contra a reforma da previdência. O movimento de ontem, certamente, não assustou congressistas. Pode ter sido um tiro no pé.

 

As reformas são para que a Previdência não quebre

O presidente Michel Temer disse que a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo federal evitará que o Brasil siga o caminho de outros países que, por não se prevenirem dos gastos excessivos com as aposentadorias, tiveram de fazer cortes de grandes proporções, chegando inclusive a cortes de salários de pessoas na ativa e aposentados. “Não queremos que o Brasil tenha de fazer o que fez Portugal, ou seja, cortar salário de pessoas na ativa e de aposentados, ao mesmo tempo em que elevava a idade mínima para 66 anos e eliminava o décimo terceiro salário. Não queremos chegar a esse ponto. Não podemos fazer uma coisa modestíssima agora para daqui a 4 ou 5 anos termos de fazer como Portugal, Espanha e Grécia, que tiveram de fazer um corte muito maior porque não preveniram o futuro”, disse. Segundo o presidente, a proposta representa um “caminho para salvar a previdência do colapso e para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã”.
Entre populistas e populares

Para o presidente, o Brasil deu “rumo seguro às contas públicas com o teto de gastos, imunizando o Brasil do populismo fiscal”. Ele falou durante cerimônia de lançamento do projeto Senhor Orientador, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília. “Com toda franqueza tenho feito distinção entre medidas populistas e medidas populares. As populistas são feitas de uma maneira irresponsável. Têm efeito imediato, aparentemente cheia de aplausos, para logo depois se revelar um desastre absoluto. As populares não. Elas não têm o aplauso imediato mas têm o reconhecimento posterior”, afirmou.

 

No prazo para novas emendas

Diante dos pedidos de deputados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reabriu ontem o prazo para apresentação de emendas à proposta de reforma da Previdência. Maia anunciou no plenário da Casa, que o prazo, que havia terminado na terça-feira, foi estendido até as 18h30 de sexta-feira (17). Os deputados que não conseguiram as 171 assinaturas de apoio as suas emendas, podem agora pedir aos colegas para assiná-las. Até ontem, foram apresentadas 146 emendas. No entanto, na conferência dos apoiamentos foram constatadas divergências em assinaturas em 44 delas. A maior parte das emendas tenta assegurar direitos previstos na legislação atual e que o texto encaminhado pelo governo pretende mudar. Dentre os pontos que mais receberam emendas estão a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se aposentarem, aposentadorias especiais, como a de professores e pessoas com deficiência, regras para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o não acúmulo de aposentadorias e a alteração na idade mínima para concessão da aposentadoria rural. O relator da proposta na comissão especial que analisa a reforma, Arthur Maia (PPS-BA), disse que para facilitar o trabalho dividirá as sugestões por assuntos e, a partir daí, começará “a estabelecer uma conversa com a possibilidade de melhorar o texto”.

 

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