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“Está difícil esse nosso Brasil”, desabafa pecuarista

Paulo César de Oliveira
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Na semana do consumidor, a população brasileira foi surpreendida com uma fraude na produção de alimentos, descoberta pela Polícia Federal. As adulterações em produtos vencidos foram verificadas em carne de frango, mortadela, salsicha havendo suspeitas de irregularidades também na produção de produtos com carne bovina. O agronegócio brasileiro, que vinha ganhando espaço com as exportações, principalmente para a comunidade europeia, não sabe quais os reflexos que a operação Carne Fraca pode ter. O presidente da Faemg, Roberto Simões (foto), cobra celeridade nas investigações e punição rigorosa e exemplar para os envolvidos, para que a credibilidade do setor não seja afetada.

 

Que tipo de reflexos essa denúncia da Polícia Federal pode ter para o setor?

Nós recebemos essa denúncia com perplexidade e com muita cautela. Achamos que tudo terá que ser apurado com muita seriedade, sem sensacionalismo, porque isso pode nos comprometer muito. É inimaginável nós pensarmos que alguém pudesse fazer algo dessa natureza com alimentos. São esses intermediários que fraudam. Está difícil esse nosso Brasil.

 

O que pode acontecer nas nossas relações comerciais. Como fica a situação das empresas exportadoras?

Com essas revelações, nós estamos dando direito aos compradores de nos retaliarem. Se essas denúncias se confirmarem, será preciso punir severamente e imediatamente os culpados para mostrar que nós recuperamos o controle. Se não fizermos isto, nós vamos perder mercado devido a esta situação.

 

As denúncias acontecem justamente em um momento em que o setor estava expandindo as vendas no mercado externo, não é?

Exatamente. Nós estamos crescendo as exportações e essa denúncia tem o efeito de um verdadeiro tiro no pé. Essa situação é muito complicada.

 

A Faemg e as entidades ligadas ao agronegócio têm como tomar alguma medida?

Nós não temos nenhum mecanismo de controle sobre os mecanismos de defesa sanitária. Esse controle é feito, na maioria dos casos, pelo Governo Federal. É o governo que dita as regras, que tem os fiscais. No nosso caso, nós temos o IMA, mas as questões agora estão mais voltadas para o âmbito federal.

 

Como o setor pode se precaver de um estrago maior devido a essas denúncias?

Não tem como, porque nós tratamos de produzir o melhor produto possível e entregamos para o setor seguinte. Ele é quem exporta, quem transforma. Nós não temos nenhum controle sobre isto, nem legalmente, nem de qualquer forma. Nós não podemos fazer nada. A única coisa que podemos fazer é pedir a punição severa e correção para quem está fazendo essas coisas. Mas o grande problema está no Ministério da Agricultura com seus fiscais que foram subornados.

 

Estão envolvidos nessa irregularidade grandes grupos e empresas, que tem um grande número de consumidores. Como o consumidor fica em uma situação como esta?

É outra questão. O consumidor perde a confiança nos produtos. Esse é o lado triste da questão e é muito sério. Acho que não há um grande alarde, eu imagino, não sou um analista nesse setor, mas acredito que não há produtos que comprometam a saúde ou coisas mais graves. Eu acho que estavam fraudando injetando água para aumentar o peso, coisas dessa natureza. As irregularidades aconteceram no processo de transformação dos produtos.

 

Qual a expectativa do setor para este ano?

O setor está tranquilo. A expectativa era a de que continuássemos exportando bem tanto bovino, como frangos, suínos, crescendo as exportações. Com essa denúncia, nós vamos ter que aguardar para ver o que vai acontecer. Essa é uma questão muito séria, muito grave. É preciso muito cuidado nas investigações e será necessário que as punições sejam severas para quem está fazendo esse tipo de coisa.

 

A impressão que se tinha era de que o controle sanitário, a fiscalização nesse setor era muito rígida. No processamento do produto, esse controle não acontece?

Na produção é. Essas irregularidades estão acontecendo na transformação dos produtos, depois que sai da fazenda. Com certeza, na hora de processar tem problema. Pelo que estamos vendo é que tem alguns fiscais recebendo propina para emitir relatórios falsos. Isso precisa ser coibido imediatamente, com punições exemplares e rapidamente. Senão vamos perder toda nossa condição e credibilidade no mercado.

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