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Apesar de tudo, um ótimo Dia do Trabalhador

Paulo César de Oliveira
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Vivemos tempos difíceis e com muito pouco a comemorar neste 1º de maio, Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho, como queiram. Hoje, os que nada têm a comemorar já passam de 14 milhões, gente de todas as classes que perdeu seu emprego formal, e ainda os, não se sabe bem quantos, que sobrevivem na informalidade. O desemprego atual no Brasil já é assustador por não existirem sinais confiáveis de que há reações sustentáveis no mercado de trabalho. Aqui e acolá, fala-se em melhorias esporádicas que logo apresentam retração. Na crise, é bom lembrar, o mercado de trabalho é o primeiro a sofrer e é o último a se recuperar. Ninguém contrata sem a certeza de que a retomada da economia é real. Dizíamos que a crise atual já preocupa, mas pior são as projeções futuras. A estimativa é de que nos anos 2020, vários postos de trabalho, falam em um a cada três postos, e várias profissões, serão extintos com a substituição do profissional pela tecnologia. As perdas de emprego hoje são sazonais, consequência de uma crise que se instalou por irresponsabilidade, incompetência e desonestidades dos governantes. As futuras, não. São inevitáveis e irreversíveis, resultado do desenvolvimento tecnológico. A adoção da tecnologia no lugar do homem não é uma opção capitalista, como querem apregoar os simplórios, ou velhacos, do discurso fácil. É questão de sobrevivência no mercado. É impossível competir sem ganhos de custo e qualidade na produção. Este quadro nos coloca diante de outro desafio. O de vencer logo a crise atual para, já com atraso, nos prepararmos para enfrentar aquilo que vem pela frente. E pela frente vem a necessidade de profissionais mais qualificados, gente preparada para exercer profissões que substituirão as que serão extintas. Profissões que exigirão mais qualidade do que número de profissionais. Entre os ‘deveres de casa’ que vamos precisar fazer está, certamente, a modernização de nossas relações de trabalho. A polêmica reforma trabalhista. Não temos como entrar numa nova era do trabalho, sem uma legislação atualizada. Se esta proposta de reforma em discussão resolve? Bem, é preciso discutir o assunto. Sem demagogia, sem ganâncias, sem protecionismos. Temos pouco tempo para nos prepararmos para o futuro. Ele é amanhã. Apesar de tudo, ótimo Dia do Trabalhador. Empregado ou não.

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