O deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, pode iniciar hoje a análise do pedido de impeachment do presidente Michel Temer protocolado ontem, no final da tarde, na Secretaria-Geral da Mesa, pelo deputado Alessandro Molon, do Rede do Rio de Janeiro. Molon pede o impeachment do presidente com base na delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista (foto), divulgada ontem pelo jornalista Lauro Jardim, no jornal O Globo. Na delação, ainda não homologada pelo Supremo Tribunal Federal, os irmãos revelaram que Temer deu aval a uma operação visando comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha que, preso pela Operação Lava Jato, ameaçava aderir ao programa de delação premiada. Segundo informações de O Globo, Joesley teria gravado, com gravador escondido, uma conversa com Temer no Palácio do Jaburu, em que relata pagamentos a Cunha em troca de seu silêncio. O jornal revela que o presidente, após receber a informação dos pagamentos deu seu aval afirmando “tem que manter isto, viu”. Em outra gravação o presidente indica o deputado Rocha Loures, do PMDB do Paraná, para resolver questões de interesse da JBS junto ao governo federal. Loures, posteriormente, foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil de representante da empresa. As revelações do jornalista Lauro Jardim causaram o imediato encerramento das sessões no Congresso. Uma reunião de emergência foi realizada no Planalto com a participação de ministros, deputados e senadores. À noite o governo divulgou nota oficial na qual o presidente Temer admite ter se reunido com o empresário, mas nega que tenha autorizado “qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”. O Supremo Tribunal Federal, que decidirá sobre a homologação da delação e a JBS se negaram a comentar os fatos. Para o deputado Molon, autor do pedido de impeachment, o governo acabou. Ontem mesmo manifestantes foram a frente do Palácio do Planalto e para as ruas de diversas cidades pedir a renúncia ou o impeachment de Temer e a realização imediato de eleições diretas.
Aécio pediu dois milhões
O empresário Joesley Batista entregou também uma gravação em que o senador Aécio Neves pede dois milhões de reais para pagar despesas com a sua defesa na Lava-Jato. Aécio indicou o primo Frederico Pacheco de Medeiros, Fred, para receber o dinheiro. O diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, entregou o dinheiro a Fred. Foram quatro entregas de 500 mil reais. A Polícia Federal filmou uma das entregas e a pasta onde estava o dinheiro continha chips de rastreamento. As notas repassadas tinham os números de série controlados. Os recursos foram parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrela, filho do senador Zezé Perrela, do PSDB mineiro. Estas operações da PF, de busca de provas controladas, foram realizadas no final de abril, início de maio.
Mantega distribuía propinas para petistas
Ninguém escapa na delação de Joesley Batista, divulgada por Lauro jardim. O empresário contou em sua delação que o ex-ministro Guido Mantega era o contato com o PT. Joesley revelou que existia uma espécie de conta corrente para o PT na JBS e por meio dela, enviava o dinheiro que era distribuído entre os parlamentares petistas. O empresário também falou que Mantega operava, para o grupo no BNDES. Na delação Joesley disse que não tinha intimidade com o ex-presidente Lula, mas em um encontro, Lula teria reclamado que as doações, no caixa um ou dois, estavam atingindo cifras astronômicas. O empresário não explicou o motivo da reclamação. Em 2015 nas redes sociais foram veiculadas notícias de que um dos filhos de Lula, Fábio Luis, era sócio da Friboi, uma das empresas do grupo JBS. O ex-ministro Mantega não comentou as denúncias.