Começa a ganhar corpo o movimento para tornar sigilosas as delações ou, pelo menos parte delas, até que haja uma investigação mais aprofundada sobre os fatos. Pode ser uma boa medida. A cada vazamento de parcelas de delação, cria-se uma enorme expectativa na população e o que para o povo seria uma bomba, acaba se transformando em frustrações e motivo de suspeita de que a apuração não é totalmente séria. As notícias travam e não há uma informação completa e conclusiva. Semana passada, por exemplo, o ex-deputado Eduardo Cunha rebateu Lula e Joesley Batista que disseram que tiveram poucos encontros, dois apenas ao longo do tempo. Cunha desmentiu ambos, lembrando que os três tiveram um encontro político para debaterem o impeachment da presidente Dilma que menos de um mês depois, foi tirada do cargo. Assim como em várias delações, o assunto parou por aí. Lula (foto) e Joesley (foto) não desmentiram o encontro e Cunha não explicou o que conversaram. Fica a dúvida. Conversaram para encontrar uma forma de reverter o quadro de votação, já então contra Dilma, ou, ao contrário, Lula se reuniu com eles para apoiar o impeachment? Absurdo? Não, em política tudo é absolutamente possível, ainda mais quando se trata de salvar a própria pele. Em tempo de murici, cada um cuida de si, ensina a sabedoria nordestina. E não é outra coisa o que tem acontecido na política brasileira. Todos tentam se salvar e não há nem mais o espírito de corpo a não ser, estranhamente até agora, para salvar Lula que, se especula, poderá, ainda nesta semana, receber a primeira sentença do juiz Sérgio Moro. Nesta semana Moro também poderá definir a situação do ex-ministro Palocci, outro que esboça uma delação premiada que, dizem, poderá ser uma bomba ainda maior do que a fala de Joesley. Se vier, deverá ser a primeira de um novo esquema. Só será conhecida quando, pelo menos parte do que for revelado, já estiver comprovado. Talvez seja melhor assim. Pelo menos não gera expectativas que depois viram frustrações.