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Com publicidade proibida, cai a venda de produtos para crianças

Paulo César de Oliveira
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Empresas que vendem produtos e serviços para crianças registraram queda de 13% na receita a partir da proibição da publicidade infantil, segundo pesquisa divulgada ontem pelo The Economist Intelligence Unit, a pedido do Instituto Alana, organização sem fins lucrativos, voltada à garantia da vivência plena da infância. O estudo mostra que o impacto econômico atingiu o varejo, composto por restaurantes fast food, alimentos vendidos em supermercados, bebidas não-alcoólicas, brinquedos, roupas infantis, jogos, música, vídeo e ingresso. A Associação Brasileira de Agências de Publicidade estima redução de 5% de participação da publicidade infantil no mercado do setor. Desde 2014, uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) proíbe e detalha o que é a publicidade abusiva. O Código de Defesa do Consumidor também proíbe a publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e da experiência da criança.

 

Efeitos positivos

A economista e consultora do The Economist Intelligence Unit, Romina Bandura, disse que, apesar da perda em receita, a proibição da publicidade infantil no Brasil trouxe resultados positivos para a sociedade, como melhora na saúde das crianças, queda da obesidade, redução do consumismo e do bullying. “São benefícios que superam os custos decorrentes da proibição”, afirmou. “As crianças ficam perturbando os pais para comprar algo e isso pode levar a brigas, ao materialismo, que está ligado à baixa autoestima. Há discussões sobre bullying de marca, quando uma criança tem determinado produto e a outra não. Isso afeta as crianças”, acrescentou. Para Romina (foto), a publicidade voltada para a criança usa da exploração da vulnerabilidade emocional e cognitiva. “O público com menos de 12 anos de idade realmente não entende a diferença dos interesses comerciais e da realidade”, ressaltou. Na opinião da diretora do Instituto Alana, Isabella Henriques, a publicidade de produtos infantis pode existir, desde que seja voltada aos pais. “Nesse aspecto, as perdas com o mercado podem ser menores. A criança entende a mensagem ‘compre esse produto, porque você vai ser mais feliz’, e realmente entende que ela precisa daquele produto. Se a publicidade falar diretamente com o público infantil, será abusiva”, disse.

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