Após ataque a tiros ao acampamento de apoiadores do ex-presidente Lula da Silva, na madrugada de ontem, em Curitiba, a Procuradoria-Geral do Município reiterou pedido à Justiça Federal do Paraná para que o ex-presidente seja transferido da Superintendência da Polícia Federal. Lula está preso no local desde o dia 7 de abril. No pedido, a Procuradoria cita o tiroteio que deixou dois integrantes do acampamento feridos, fato que motivou uma manifestação com barreira de fogo na Rua Mascarenhas de Morais e interrompeu por horas o trânsito na região. Em 13 de abril, a Procuradoria-Geral do Município já havia solicitado a transferência. Os motivos alegados foram os transtornos causados aos moradores do Bairro Santa Cândida, onde fica a sede da Polícia Federal, além de problemas de segurança devido a manifestações pró e contra Lula nas ruas próximas ao local, o que tem resultado em reclamações dos moradores da região. A prefeitura de Curitiba divulgou nota no início da tarde desse sábado com uma declaração do prefeito Rafael Greca(foto). Na nota, Greca manifesta preocupação com a presença do ex-presidente Lula em um local de grande movimentação como a superintendência da Polícia Federal. “O local oferece risco, transtorno à população, aos funcionários da própria PF e atrapalha a rotina de prestação de serviços aos brasileiros que precisam da emissão de passaportes”, disse o prefeito.
Repercussão
Também por meio de nota, a Força Sindical repudiou o ataque ao Acampamento Lula Livre. No texto, a Força exigiu “a imediata apuração e punição dos responsáveis”. Acrescentou que “a violência e a covardia contra atos e manifestações democráticas ferem a Constituição e reforçam práticas autoritárias, antissociais e que, neste momento eleitoral, tumultuam o ambiente político e desestabilizam o país”. A Força Sindical também defendeu o livre direito à manifestação, à liberdade de pensamento e o fortalecimento ao estado de direito. O ataque deixou duas pessoas feridas. Uma foi atingida no pescoço por um tiro e outra ferida no ombro por estilhaços. A Secretaria de Segurança Pública de Curitiba informou que, segundo as primeiras informações, uma pessoa a pé efetuou disparos de arma de fogo.
Para Gleisi culpa é de Moro e da mídia
Em vídeo postado nas redes sociais na manhã desse sábado, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), condenou os tiros que atingiram dois petistas no acampamento em defesa de Lula da Silva e culpou a Operação Lava Jato pelo recrudescimento dos “ataques fascistas” contra os apoiadores de Lula. No vídeo, Gleisi diz que o ataque “é resultado desse processo construído de perseguição contra o presidente Lula, contra o PT, contra os movimentos de esquerda”. “A Lava Jato e o juiz Sérgio Moro, que coordena essa tarefa, têm responsabilidade objetiva nisso, assim como a grande mídia, que dia após dia, incita o ódio contra Lula, contra o PT, e acontecem essas coisas que estamos vendo aqui”, declarou. Para Gleisi, os políticos que estimulam a violência também são responsáveis pelos ataques dos últimos meses. A senadora contou que está a caminho do Chile, onde participará da reunião com a frente de esquerda de vários países e com a ex-presidente chilena Michele Bachelet. Ela afirmou que aproveitará o encontro para fazer uma “denúncia internacional” das ações contra os petistas. “Está ficando cada vez mais feio para o Brasil essa situação”, afirmou.
O PT com discurso de atentado político
Mais cedo, a Comissão Executiva Nacional do PT divulgou nota repudiando o ataque a tiros contra o acampamento pró-Lula em Curitiba e chamou o episódio de “atentado político”. Os petistas reclamaram que não é a primeira vez que os apoiadores do ex-presidente, agora preso na Superintendência da Polícia Federal no Paraná, sofre um ataque “fascista”. “O ataque é mais um episódio de violência política contra a democracia e acontece um mês depois de tiros terem atingido ônibus da caravana Lula Pelo Brasil no interior do Paraná. Até agora não foram presos os autores dos disparos feitos no mês passado e tampouco os desta madrugada”, criticou a cúpula do PT. Segundo a nota, foram disparados mais de 20 tiros que deixaram um integrante do acampamento Marisa Letícia em estado grave no hospital em virtude de um tiro no pescoço e outra vítima atingida por estilhaços. Os petistas afirmaram que após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, “aumentaram os ataques e assassinatos contra lideranças sociais no campo e na cidade”, entre elas a morte da vereadora do PSOL Marielle Franco, e atacaram a suposta “omissão conivente” das autoridades e da imprensa que “silencia ante a barbárie crescente”.